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Vacina da malária, Oxford, África
Mãe cientista africana faz treinamento de microscopia da malária na Nigéria, novembro de 2018. Nova vacina de proteína recombinante é esperança contra a doença causada por protozoário.| Foto: eHealth Africa/EHA Clinics/Ozavogu Abdulsalam Khalid

Gana se tornou no primeiro país do mundo a aprovar o uso de uma vacina contra a malária desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, informou nesta quinta-feira a instituição.

A vacina R21/Matrix-M, fabricada pelo Instituto Serum, da Índia, é a primeira a superar o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 75% de eficácia e recebeu aprovação da Autoridade de Alimentos e Medicamentos de Gana (FDA, na sigla em inglês).

O imunizante funciona através do método de proteína recombinante, que não foi usado por nenhuma das vacinas para Covid aplicadas no Brasil. A malária é causada por um protozoário, o plasmódio, maior e mais complexo que vírus e bactérias. A proteína é parecida com uma que o causador da malária tem em sua superfície e o ajuda a parasitar células humanas. Apresentando a proteína ao sistema imunológico humano, a vacina ajuda o corpo a montar defesas antes de o protozoário chegar.

"Foi aprovada para uso em crianças de 5 a 36 meses, a faixa etária com maior risco de morte por malária", afirmou a universidade em um comunicado.

"Espera-se que este primeiro passo crucial permita que a vacina ajude as crianças ganenses e africanas a lutar eficazmente contra a malária", destacou a instituição.

O pesquisador chefe do programa R21/Matrix-M e diretor do Instituto Jenner de Oxford, Adrian Hill, destacou que a decisão de Gana "marca o ponto culminante de 30 anos de pesquisa de vacinas contra a malária em Oxford com a concepção e entrega de uma vacina de alta eficácia que pode ser entregue em uma escala apropriada para os países que mais necessitam".

Se trata de uma vacina de baixa dosagem que pode ser fabricada em larga escala e a um custo modesto, permitindo o abastecimento de centenas de milhões de doses aos países africanos que mais sofrem com a malária.

A R21/Matrix-M passou por ensaios clínicos no Reino Unido, Tailândia e vários países africanos, incluindo um estudo de Fase III em andamento em Burkina Faso, Quênia, Mali e Tanzânia envolvendo 4,8 mil crianças.

Espera-se que os resultados desses testes sejam publicados ainda este ano.

Em 2021, a vacina RTS,S — produzida pela gigante farmacêutica britânica GSK — tornou-se a primeira vacina contra a malária recomendada para uso generalizado pela OMS, embora pesquisas mostrassem que o produto tinha cerca de 60% de eficácia e diminuiu significativamente ao longo do tempo.

De acordo com o relatório mundial sobre a malária de 2022 da OMS, a doença matou 619 mil pessoas em 2021, com 96% dessas mortes registradas na África.

"Juntamente com as intervenções existentes, esta vacina (R21/Matrix-M) ajudará a salvar mais vidas", enfatizou hoje a Aliança para a Vacinação (Gavi) em um comunicado.

"O dossiê de pré-qualificação da R21 foi aceito para revisão por parte da OMS e esperamos que os resultados da fase III sejam publicados em breve. Se a OMS recomendar o uso mais amplo da vacina, Gavi e Unicef podem começar a financiar e adquirir doses imediatamente", acrescentou Gavi.

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