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Os líderes do golpe militar na Tailândia vão escolher um novo primeiro-ministro dentro de duas semanas, disse nesta quarta-feira o chefe do Exército, o general Sonthi Boonyaratglin.

Mas, nas declarações feitas menos de 24 horas depois de liderar um golpe branco para derrubar o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, Sonthi disse que vai levar um ano para que se faça uma nova Constituição, que levará a novas eleições gerais.

A liderança militar está estudando candidatos que "amam a democracia e a monarquia constitucional" para substituir Thaksin, afastado na terça-feira, quando estava em Nova York participando da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas.

- Temos duas semanas. Depois de duas semanas, vamos sair - disse Sonthi em entrevista coletiva, falando como chefe do "Conselho de Reforma Política" interino, dirigido pelos militares.

O novo gabinete vai formar um comitê especial para fazer uma nova constituição durante um ano, e colocá-la em votação em referendo. Depois disso serão realizadas eleições.

- Levará um ano para se formar uma nova Constituição - disse Sonthi.

Nenhum tiro foi disparado durante o golpe e as ruas de Bangcoc estavam calmas nesta quarta-feira, com pouca presença militar, a não ser ao redor da sede do governo e perto do quartel-general do Exército, na mesma região.

Os temores com relação a um conflito ou tentativa de contragolpe de aliados de Thaksin diminuíram com a divulgação de notícias de que o principal vice do premier afastado, Chidchai Vanasatidya, foi "convidado a ficar" no QG militar.

Thaksin pode voltar para sua terra natal, disse Sonthi:

- Thaksin é tailandês e compatriota e não haverá problema se ele decidir voltar.

Thaksin já fretou um avião russo para levá-lo, junto com sua comitiva, de Nova York para Londres, onde uma de suas filhas estuda, disse um repórter que viaja com ele.

FRUSTRAÇÃO

Líderes de todo o mundo manifestaram surpresa e frustração com a queda repentina de Thaksin, que ganhou com ampla maioria duas eleições devido à sua enorme popularidade no interior da Tailândia.

Estados Unidos, União Européia, Austrália e Nova Zelândia condenaram o primeiro golpe em 15 anos na Tailândia, mas o 18º desde que o país tornou-se uma monarquia constitucional, em 1932.

Mas analistas dizem que mesmo que o mundo veja o golpe como um retrocesso, a medida pode revelar-se um avanço se abrir caminho para o que muita gente considera um impasse político que ameaça a estabilidade do país.

- Este golpe será diferente dos anteriores - disse Somchai Pakapatwiwat, da Universidade Thammasat, na capital. - Antes, eram feitos por interesses dos militares. Dessa vez foi um ataque preventivo necessário, diante da violenta polarização da sociedade tailandesa.

O mercado de ações tailandês ficou fechado nesta quarta-feira, depois que os líderes do golpe declararam feriado.

O baht, que depois do golpe sofreu sua maior queda em um único dia em três anos, continua sob pressão, mas recuperou-se e atingiu quase sua maior alta em 6 semanas e meia.

Os militares dizem que o golpe foi necessário para fazer reformas que resolvam o impasse político que colocou Thaskin contra a velha guarda política e manifestantes nas ruas, que o acusam de usar a democracia para interesses de sua família e amigos nos negócios.

Thaksin argumenta ser um defensor da democracia contra adversários que usam meios inconstitucionais.

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