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A Tailândia retomou o ritmo normal de trabalho nesta quinta-feira, depois de um golpe militar legitimado pelo rei, mas a oposição pediu eleições rápidas para mostrar que os novos governantes foram sérios nas promessas de volta à democracia.

O primeiro-ministro disse, em Londres , que espera que os militares convoquem eleições em breve.

Enquanto isso, o Exército tailandês proibia reuniões partidárias e "atividades políticas", dois dias depois de derrubar o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra em um golpe sem disparar um único tiro.O rei Bhumibol Adulyadej (esq.) e a rainha Sirikit com os líderes do golpe em Bangcoc no dia 19. Da esq. para a dir.: Chalit Phukpasuk (Aeronáutica), Satiraphan Kayanont (Marinha) e Sonthi Boonyaratglin (Exército). O homem de costas não foi identificado

Os militares também fecharam a capital para manter a calma, e o tráfego em Bangcoc voltou a ter os tradicionais engarrafamentos, enquanto os líderes do golpe trabalham para cumprir a promessa de nomear um primeiro-ministro civil em duas semanas.

Os líderes do golpe disseram que vão fazer uma nova Constituição dentro de um ano para arrumar as falhas que levaram ao afastamento do primeiro-ministro Shinawatra, que foi acusado de ter usado poderes quase ditatoriais. Depois, os líderes prometem uma nova eleição.

Mas Abhisit Vejjajiva, líder do Partido Democrata, o principal da oposição, pediu eleições dentro de seis meses e exortou os generais a suspenderem as restrições a direitos individuais.

- Somos encorajados pelo fato de não quererem manter o poder e por sua tarefa ser colocar o país de volta no caminho democrático - disse ele à Reuters. - Mas eles têm que provar isso e provar isso o mais rápido possível.

Em Londres, o primeiro-ministro afastado pediu eleições gerais rapidamente na Tailândia e que todos os partidos trabalhassem em direção à reconciliação nacional.

Thaksin, que chegou à capital britânica na quarta-feira, disse em comunicado divulgado por seu secretariado que iria aproveitar um descanso merecido e que planejava trabalhar em pesquisas e programas humanitários para seu país.

A Tailândia ainda está tecnicamente sob lei marcial.

O golpe de terça-feira foi o primeiro na Tailândia em 15 anos, mas seu 18o. desde que o país tornou-se uma monarquia constitucional, em 1932.

Os militares dizem ter sido forçados a agir porque não havia outra saída para a crise política que colocou Thaksin contra a velha guarda e contra manifestantes nas ruas, que o acusavam de usar a democracia em benefício próprio.

Nenhum tiro foi disparado e muitos tailandeses parecem ter saudado o golpe, desde que continue pacífico. O próprio Thaksin parece ter aceitado o golpe. Ele estava na Assembléia Geral da ONU quando o golpe foi colocado em prática.

Os líderes do golpe disseram que ele pode voltar para a Tailândia, apesar de que o chefe da polícia deixou claro que ele terá de enfrentar acusações, incluindo de fraude eleitoral.

AINDA NO JOGO

Mas os especialistas ainda não retiraram Thaksin do jogo.

- Ele não é um homem que goste de perder - disse Thitinan Pongsudhirak da Universidade Chulalongkorn, na capital. - O apoio a Thaksin é profundo. - Se houvesse uma eleição supervisionada pela ONU, Thaksin e Thai Rak Thai ("Tailandeses amam Tailandeses") ganhariam, e isso é um problema para a Tailândia - disse, em referência ao partido político do primeiro-ministro afastado.

O apoio a Thaksin no interior, que lhe garantiu vitórias esmagadoras em duas eleições, parece continuar sólido.

Dao Khempanya, agricultor de 65 anos em Nonthaburi, a 50 quilômetros a oeste de Bangcoc, disse que o golpe foi a melhor maneira de acabar com a crise política em uma sociedade com valores de harmonia e contra conflitos. Mas sua devoção a Thaksin não mudou.

- Por favor volte, senhor Thaksin, nós vamos reelege-lo - disse.

A crise de quase um ano afetou a economia e as decisões de gastos com investimentos e estrutura ficaram paradas. O presidente do Banco da Tailândia, Pridiyathorn Devakula, disse a repórteres que a economia vai melhorar depois do golpe e que o desempenho do mercado reflete a confiança dos investidores.

Mas as avaliações são mescladas. O serviço ao investidor Moody reafirmou que os índices da Tailândia estão estáveis nesta quinta-feira. Mas o Morgan Stanley cortou sua previsão de crescimento econômico anual para o segundo semestre, de 3,5% para 2,4%.

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