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O ministro francês do Interior acusou na quarta-feira ativistas de extrema esquerda de alimentarem a violência política, depois da terceira noite de protestos esporádicos contra a eleição de Nicolas Sarkozy à Presidência do país.

Sarkozy deve voltar à França na quarta-feira, após uma polêmica folga de 48 horas com a família a bordo do iate de um amigo milionário, viagem que foi considerada inoportuna por seus adversários de esquerda.

Sua vitória eleitoral, no domingo, desencadeou violentas manifestações em várias cidades francesas, e a polícia disse que 200 carros foram incendiados durante a noite e cerca de 80 pessoas foram presas.

"Nos três últimos dias, desde a noite da eleição, temos tido uma situação inaceitável", disse o ministro do Interior, François Baroin, à rádio France Info. "Isso é claramente politicamente motivado e ligado à extrema esquerda."

Aos gritos de "Sarkô, fascista, a gente vai tirar tua pele", cerca de 200 a 300 pessoas bloquearam a praça da Bastilha, em Paris, na terça-feira, pela terceira noite seguida.

Também houve violência em Lyon e arredores, onde um escritório do UMP, o partido de Sarkozy, foi incendiado por jovens que atiravam coquetéis molotov.

Mas chefes de polícia disseram que os distúrbios de terça-feira foram menos graves que nas duas noites anteriores.

Sarkozy, ex-ministro do Interior, tem a reputação de ser um radical da lei e da ordem, o que faz dele uma figura odiada para a esquerda.

Dirigentes socialistas reiteraram na quarta-feira seu apelo por calma, dizendo que a violência só vai ampliar o apoio à UMP para a importante eleição parlamentar do mês que vem.

"Tivemos uma eleição. É legítimo. É democrático", disse o parlamentar socialista Henri Emmanuelli. "Para mim, o sr. Sarkozy é o presidente, e não estamos realizando um terceiro turno (eleitoral) por meio da violência nas ruas", disse ele à TV LCI.

Mas os socialistas não se acanham em criticar o feriado de Sarkozy na ilha mediterrânea de Malta, dizendo que ela mostrou sua amizade com os ricos e sua alienação em relação aos problemas dos franceses comuns.

O jornal Le Monde disse que o magnata da mídia Vincent Bollore convidou Sarkozy e sua família a viajarem em seu jatinho e ficarem no seu iate. Bollore disse em nota que seu grupo nunca teve relações comerciais com o Estado francês, segundo o Le Monde.

Aliados defenderam a viagem, lembrando que ela não foi paga pelos contribuintes. "É compreensível que após seis meses de campanha hiperintensa ele tenha tirado dois dias de férias", disse o porta-voz governamental Jean-François Cope à rádio France Inter.

Sarkozy tem seu primeiro compromisso oficial na quinta-feira, quando participa junto com o ainda presidente Jacques Chirac de uma cerimônia alusiva à abolição da escravatura. Na sexta-feira, ele recebe o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em Paris, segundo assessores. A posse está marcada para o dia 16.

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