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O governo boliviano iniciou um censo dos cocaleiros do país para evitar o desvio de coca ao narcotráfico, em meio à forte resistência de alguns sindicatos dos agricultores, informou hoje o vice-ministro de Defesa Social da Bolívia, Felipe Cáceres. O funcionário informou que dois policiais foram feridos a tiros na véspera em uma "emboscada" feita por cocaleiros que plantam folhas de coca em zonas proibidas.

Segundo Cáceres, alguns dirigentes camponeses pressionam para que os afiliados a seus sindicatos que plantam em regiões ilegais sejam recenseados, o que tornaria legítima a atividade, enquanto outros sindicatos resistem ao censo com o temor de que o governo aumente o controle sobre o plantio. "A política é de coca zero nos parques nacionais, ali não existe negociação, a coca que for plantada nesses lugares será erradicada porque ela é desviada para o narcotráfico", afirmou.

No começo do mês, o próprio presidente da Bolívia, Evo Morales, chamou a atenção do sindicato cocaleiro, que ele mesmo chefia, porque a coca está sendo desviada para abastecer o narcotráfico e também porque acordos para limitar o cultivo foram burlados. Morales ainda lidera um dos maiores sindicatos de cocaleiros da Bolívia, no centro do país, mas não tem controle sobre os cocaleiros ao norte de La Paz, onde o plantio está se expandindo sem controle, reconheceu Cáceres.

O mandatário, que chegou ao poder após anos como líder sindical militante dos cocaleiros, já afirmou que não deseja que o narcotráfico manche sua gestão e pediu apoio as bases. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que no ano passado os cultivos de coca aumentaram em 1%, de 30.500 hectares para 30.900 hectares, dos quais 20.000 hectares são legalizados e cuja produção é usada para finalidades tradicionais na Bolívia. A coca legal é usada em chás, a folha é mastigada para fins alimentícios e terapêuticos ou em rituais de religiões indígenas.

As autoridades reconhecem que o narcotráfico se fortaleceu, assim como a rota de cocaína do Peru em direção ao Brasil, principal destino da droga. Neste ano, as autoridades bolivianas apreenderam quase 25 toneladas de cocaína e 3.139 pessoas foram detidas por tráfico na Bolívia, entre elas vários brasileiros e colombianos.

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