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A presidente Dilma Rousseff conversou na manhã deste domingo (18) por telefone com o líder de um país-chave no conflito entre Israel e a Palestina: o presidente do Egito, Mohamed Mursi. Segundo a Presidência, foi Mursi quem pediu para falar com ela. O assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, não descartou a hipótese de o Brasil participar de uma mediação no conflito.

"O Brasil sempre disse como intermediou mediação em várias outras ocasiões, em outras crises", disse ele.

Mas, o assessor afirmou que o telefonema de Mursi não foi para discutir ou propor mediação, mas sim fazer uma "consulta" sobre a posição do Brasil. "Ele (Mursi) ficou muito satisfeito com a posição brasileira. Vamos continuar acompanhando a situação. No momento atual tudo indica que haverá possibilidade de uma posição mais negociada e de curto prazo".

Marco Aurélio criticou severamente o chamado quarteto para o Oriente Médio - isto é, as potências encarregadas de propor uma solução para o conflito - Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU. Para Marco Aurélio, uma solução negociada no curto prazo é possível, mas no longo prazo é mais complexa.

"O grande problema é seguinte: o buraco está mais embaixo. Enquanto continuar essa política intransigente e esta desídia das grandes potências em relação ao conflito, esses fenômenos (os conflitos) vão se multiplicar".

Ele imagina que com uma crise grave como esta isto possa representar um "puxão de orelha" nos governantes. "Em primeiro lugar (puxão de orelha) no quarteto, que está se ocupando mal do assunto. Em segundo lugar, que esse assunto seja levado ao Conselho de Segurança da ONU. O ponto mais crítico de segurança entre Palestina e Israel não é discutido no Conselho de Segurança!"

Há apenas dois meses, o quarteto saiu de um encontro em Nova York sugerindo um acordo final de paz entre israelenses e palestinos "antes do final de 2012" e anunciando que um encontro preparatório seria organizado um mês depois para fechar a agenda da negociação. O que se produziu, no lugar disso, foi uma escalada da violência como há anos não ocorria.

Marco Aurélio também se mostrou preocupado com a sorte da região como um todo. Desde o início, segundo ele, o governo brasileiro está alertando que o problema na Síria iria agravar a situação no Oriente Médio, pois mexe com as situações no Líbano, na Jordânia. Sobre se o governo brasileiro vai ou não reconhecer o Conselho Nacional da Síria (a oposição) como interlocutor no país, como fez a França, ele disse que esta questão não foi colocada na mesa. "Tem que examinar essa situação. A França deve ter seus argumentos", afirmou.

Marco Aurélio disse que o não falou nem com autoridades israelenses nem com palestinos desde o início do conflito. O comunicado condenando a violência e pedindo solução pacífica apresentado ao Conselho de Segurança da ONU, segundo o assessor da presidência, foi feito em nome de todos os países-membros do Mercosul "para dar mais força".

Já o novo comando islamista do Egito tem dito que não vai deixar Gaza - território palestino que está no centro do conflito e é dominado pelo grupo islamista Hamas - sozinha.

"O Egito de hoje não é o Egito de ontem, e os árabes de hoje não são os árabes de ontem", alertou Mursi na sexta-feira (16), segundo a agência estatal do Egito, Mena.

Nos bastidores, o Egito - o único da região, junto com Jordânia, a ter tratado de paz com Israel - quer evitar a qualquer custo uma escalada no conflito entre palestinos e israelenses.

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