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Temor de armas químicas eleva o número de pessoas que fogem da Síria para países vizinhos | Adem Altan/AFP
Temor de armas químicas eleva o número de pessoas que fogem da Síria para países vizinhos| Foto: Adem Altan/AFP

Ameaça de laboratório

Armamentos químicos são usados para provocar reações no corpo humano que vão de lesões leves à morte

• Agentes nervosos: Afetam o sistema nervoso e causam suor intenso, congestão nos pulmões, vômito e convulsões. Desenvolvidos e não utilizados pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial, já foram usados pelo Iraque na guerra contra o Irã.

• Gás mostarda: Causa grandes queimaduras, especialmente na virilha e nas axilas, e resseca olhos e pulmões. Foi usado na Primeira Guerra Mundial e na Guerra Irã-Iraque.

• Arsênicos: Similares ao gás mostarda, a única diferença é que estas armas têm efeito imediato.

• Toxinas: Venenos produzidos por organismos vivos, como bactérias, fungos, algas e plantas diversas. Sintomas incluem diarreia, visão difusa e paralisia muscular. Um exemplo é a toxina do botulismo, uma venenosa substância que pode levar à morte em apenas alguns dias.

• Cianeto de hidrogênio: Entra no corpo pelos pulmões e impede o tráfego de oxigênio pela corrente sanguínea, causando sufocamento até a morte. Uma variação, o Zyklon B, foi usada nos campos de concentração na Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

• Gás lacrimogêneo: Usado principalmente em tumultos, causa coceira e lacrimejar instantâneo nos olhos, tornando difícil mantê-los abertos. Seu uso em guerras é proibido por entidades internacionais.

• Agentes psicocinéticos: Substâncias que causam sintomas similares a desordens psicóticas incluindo perda dos sentidos, paralisia e alucinações.

Fonte: Reuters

Num pronunciamento que elevou as preocupações de que a guerra civil na Síria escale para um novo patamar de violência, Damasco admitiu pela primeira vez possuir armas químicas e ameaçou usá-las caso sofra uma intervenção militar externa.

Pressionado pelo avanço das tropas rebeldes nas duas principais cidades do país, o regime ressaltou, porém, que não usará armas de destruição em massa contra civis.

"A Síria jamais usará qualquer arma química ou outras não convencionais contra seus civis e as usará só em caso de agressão externa", disse o porta-voz da Chancelaria síria, Jihad Makdissi.

A ameaça foi feita em tom ambíguo, com ressalvas de que "tais armas, se elas existem", estão armazenadas em lugar seguro, disse Makdissi.

Foi a primeira vez que o regime mencionou seu arsenal de armas químicas, que especialistas suspeitam ser um dos maiores do mundo.

O temor de que o regime­­ sírio recorra a armas não convencionais ronda a Síria desde o início da revolta contra o regime do ditador Bashar Assad, há 16 meses – a oposição já estima 19 mil mortos.

Em março, um oficial do Exército Livre da Síria, a principal milícia anti-Assad, disse que o regime sírio começara a distribuir máscaras a seus soldados, para a possibilidade de usar armas químicas contra desertores.

Na semana passada, fon­­tes de inteligência dos Esta­­dos Unidos disseram que o governo sírio moveu parte do arsenal. Israel alertou que poderá agir militarmente para impedir que armas químicas sejam transferidas ao­­ grupo libanês Hizbollah, alia­­do de Assad e inimigo do Estado judeu.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou que Assad "prestará contas à comunidade internacional se cometer o trágico erro" de usar armas químicas.

A Chancelaria síria disse mais tarde que as palavras do porta-voz foram distorcidas a fim de "preparar a opinião pública mundial para a possibilidade de uma intervenção militar sob a falsa premissa de armas de destruição de massa, semelhante à que ocorreu no Iraque".

Ativistas da oposição relataram que os combates entre forças do regime e rebeldes continuaram ontem no centro das principais metrópoles sírias, Damasco e Aleppo.

O governo sírio, por sua vez, diz que em breve a capital " voltará à normalidade".

TratadoArmas de destruição em massa têm produção proibida

A definição-padrão de arma química, usada internacionalmente para diferenciá-la das convencionais ou nucleares, é que seus efeitos sobre o organismo não dependem de nenhuma força explosiva.

Consideradas armas de destruição em massa, junto com as biológicas (como o antraz) e as nucleares, as armas químicas têm sua produção e seu armazenamento proibidos por uma convenção assinada em 1993 e vigente desde 1997.

O tratado foi ratificado por 188 países, inclusive o Brasil – mas não pela Síria, que, assim como Israel, Egito, Coreia do Norte e mais cinco países, está fora da lista de signatários.

A Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, foi o primeiro confronto em que se verificou largo emprego de armamento químico. Outra ocasião em que se registrou a utilização de armamento químico foi a guerra sino-japonesa (1937 a 1945).

Os EUA usaram na Guerra do Vietnã, de 1961 a 1971, herbicidas como o agente laranja para destruir vegetação e plantações do país asiático.

Mas o maior temor é a possibilidade de que os sírios tenham o gás VX, o mais letal. O ditador do Iraque, Saddam Hussein, pode tê-lo usado contra os curdos em 1988, em ataque com 3 mil mortos.

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