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A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, ao lado de seu marido, o presidente Daniel Ortega, em Manágua, setembro de 2018 | INTI OCON / AFP
A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, ao lado de seu marido, o presidente Daniel Ortega, em Manágua, setembro de 2018| Foto: INTI OCON / AFP

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs nesta terça-feira (27) sanções à vice-presidente (que também é a primeira-dama) e ao assessor de Segurança Nacional da Nicarágua, no mais recente movimento para pressionar o regime do presidente Daniel Ortega.

As sanções contra a vice-presidente e primeira-dama nicaraguense Rosario Murillo e o assessor Nestor Moncada Lau foram determinadas por uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que permite ao Departamento do Tesouro bloquear qualquer propriedade das autoridades nicaraguenses sob jurisdição americana. 

Além disso, os americanos ficam proibidos de realizar negócios com os dois, que também serão impedidos de entrar no país.

O texto da ordem, que foi divulgado na terça-feira, afirma que a ação foi tomada em resposta à corrupção do governo nicaraguense, a sua “resposta violenta” a protestos e ao “desmantelamento e enfraquecimento sistemático das instituições democráticas e do Estado de Direito”. 

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“A vice-presidente Murillo e seus operadores políticos têm sistematicamente procurado desmantelar as instituições democráticas e saquear a riqueza da Nicarágua para consolidar o seu poder”, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em um comunicado. “O Tesouro tem a intenção de garantir que os membros do regime de Ortega não possam acessar o sistema financeiro dos EUA para lucrar à custa do povo nicaraguense”. 

Ortega, 72 anos, chegou ao poder em 1979 como parte de um governo construído pela Frente Sandinista de Libertação Nacional que derrubou o presidente Anastasio Somoza, um antigo aliado dos EUA. 

Inicialmente eleito para um mandato de seis anos como presidente em 1984 como chefe do partido sandinista, ele perdeu as três rodadas eleitorais seguintes, e depois venceu as próximas três, a mais recente em 2016, quando sua esposa, Murillo, concorreu como vice-presidente. O povo nicaraguense, disse ele, teria uma presidência “dividia 50%” entre os dois. Murillo, de 67 anos, é franca e bem organizada em comparação com a personalidade pública um tanto branda de Ortega, e há muito tempo é vista como detentora de poder. 

Apesar das tendências cada vez mais autocráticas, alegações de fraude eleitoral e evidente riqueza indevida, Ortega conseguiu cooptar grande parte da comunidade empresarial e, ao contrário de grande parte do resto da América Central, mantém uma paz relativa e uma taxa de crescimento sustentado de pelo menos 4% com a ajuda de empréstimos bancários internacionais e fornecimento de combustíveis com grandes descontos da Venezuela. 

Mas uma queda acentuada nesses estoques, à medida que a economia e as exportações de petróleo da Venezuela despencaram, levou o governo Ortega-Murillo a procurar maneiras de cortar o orçamento. Quando anunciaram em abril passado que as aposentadorias públicas seriam reduzidas, a violência irrompeu na Nicarágua. 

Manifestações de protesto reuniram cidadãos idosos com estudantes revoltados com a escassez de empregos – muitos dos quais reservados para os apoiadores sandinistas. O governo respondeu com força repressiva que provocou novas manifestações de estudantes e opositores políticos, provocando ainda mais força do governo e de suas milícias paramilitares, que deixou mortos centenas de manifestantes e civis não envolvidos. 

A administração Trump, que havia mostrado pouco interesse na Nicarágua até aquele momento, respondeu apoiando os esforços de mediação da Organização dos Estados Americanos e da Igreja Católica, que acabaram em colapso. Enquanto as críticas e sanções administrativas contra a Venezuela aumentavam, juntamente com a repressão do governo e a violência contra civis naquele país, a Casa Branca voltou sua atenção para a Nicarágua. 

Em um discurso em Miami no início deste mês, o conselheiro de segurança nacional dos EUA John Bolton prometeu confrontar a Nicarágua, que ele disse ser parte da “troica da tirania” junto com Cuba e Venezuela

“Esse triângulo de terror que vai de Havana a Caracas e a Manágua é a causa de um imenso sofrimento humano, o ímpeto de uma enorme instabilidade regional e a gênese de um berço sórdido do comunismo no hemisfério ocidental”, disse Bolton. “Sob o presidente Trump, os Estados Unidos estão tomando medidas contra os três regimes para defender o Estado de direito, a liberdade e a decência humana básica em nossa região”. 

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A administração já havia minimizado os laços com Cuba, revertendo a abertura feita pelo presidente Barack Obama, e impôs sanções crescentes ao governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro. No discurso, ele criticou Ortega por sua “violência e repressão do regime contra seus cidadãos e membros da oposição”. O governo nicaraguense, disse ele, “como a Venezuela e Cuba, sentirá o peso total do robusto regime de sanções da América”. 

Em uma teleconferência com repórteres, funcionários da administração Trump lançaram as sanções contra Murillo e Lau como o primeiro passo para cumprir essa promessa. Sigal Mandelker, subsecretário de terrorismo e inteligência financeira do Departamento do Tesouro, disse que “para nós não há dúvidas” de que a medida teria um impacto significativo no governo da Nicarágua.

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