Fórum Social destaca revolta egípcia como exemplo de mobilização
O Fórum Social Mundial adotou a rebelião contra a ditadura do presidente Hosni Mubarak no Egito como exemplo a ser seguido por movimentos de esquerda em todo o mundo.
Executivo do Google fala em morrer pelo país
O primeiro candidato a herói da revolta popular no Egito diz que já não há mais espaço para negociação com o governo e se diz disposto a morrer pela causa. Aclamado na Praça Tahrir na terça-feira, um dia após ter sido libertado pelo governo, o executivo da Google Wael Ghonim, 30 anos, viveu mais um dia como o único rosto visível da revolta deflagrada pelos jovens.
O povo árabe está farto de ser deixado para trás
Justo na hora em que poderíamos estar começando a acreditar que o levante egípcio está acabando, mais egípcios esperavam em longas filas ontem para chegar até a Praça Tahrir e lá clamar pelo fim do regime do presidente Hosni Mubarak. Um dos motivos que fez com que as filas ficassem tão grandes é a passagem obrigatória de todos pelo verdadeiro funil que é a barreira de verificação imposta pelo Exército.
Cairo - Sem conseguir esvaziar o movimento popular que pede a renúncia do ditador Hosni Mubarak, mesmo após fazer concessões que há duas semanas eram impensáveis, o regime egípcio formulou uma ameaça velada. De acordo com o vice-presidente Omar Suleiman, a continuação dos protestos poderá levar a um "golpe.
A escalada retórica, porém, teve efeito nulo para conter a ampliação dos protestos, que se estenderam ontem bem além do Cairo e da revolta dos jovens que deflagraram o movimento.
Enquanto a manifestação na Praça Tahrir, centro da capital, completava ontem 16 dias, atraindo um número cada vez maior de adeptos, milhares de trabalhadores entraram em greve em outras cidades do país, elevando a tensão e os riscos a uma economia já semiparalisada.
Numa demonstração de que o regime começa a perder a paciência com a insistência dos manifestantes na renúncia imediata de Mubarak, Suleiman aconselhou-os a negociar ou encarar as consequências.
"Queremos evitar um golpe apressado e irracional, disse Suleiman em um encontro com editores de jornais egípcios na noite de terça. "O diálogo é a forma correta de alcançar a estabilidade de forma pacífica.
Nomeado vice-presidente no início da crise, ele abriu um inédito diálogo com a oposição no último domingo, mas as concessões feitas até agora foram consideradas vagas e insuficientes pelos manifestantes.
Na principal demanda, a renúncia imediata de Mubarak, o regime permanece irredutível. O máximo que admitiu até agora é que ele não concorrerá a mais um mandato na eleição de setembro.
Mubarak, que completa 83 anos em maio, está no poder desde 1981. Para o general Suleiman, exigir a renúncia do ditador "é um insulto não só ao presidente, mas a todos os egípcios.
Em tom de alerta, o general, que era comandante do temido serviço de inteligência do país, acrescentou que os protestos são "um perigo para o Egito e que o regime não quer lidar com a sociedade por meio de "instrumentos policiais.
As palavras de Suleiman não dissolveram o impasse que se arrasta há mais de duas semanas e coincidiram com a volta da violência no país. Três manifestantes morreram ontem em choques com a polícia na província de Vale Novo, no sudoeste do Egito.
A ameaça de que os distúrbios ganhem alcance nacional voltou a se materializar, com a entrada em greve de milhares de trabalhadores. Na ação mais significativa, cerca de 6 mil funcionários de empresas da Autoridade do Canal de Suez componente crucial da economia egípcia estão de braços cruzados.
Ainda não há registro de ruptura no tráfego do canal, crucial para a circulação de petroleiros.
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