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Líder da oposição na Venezuela, Juan Guiadó| Foto: Reprodução/Twitter/@jguaido

Juan Guaidó surgiu com mais uma proposta para tentar tirar o ditador Nicolás Maduro do poder. Nesta semana, ele apresentou seu plano de "acordo de salvação nacional", no qual propõe uma negociação entre a oposição democrática, o regime chavista e atores internacionais. O objetivo é lograr avanços que possibilitem a realização de eleições democráticas na Venezuela – com a participação da oposição e com garantias de transparência e de não-interferência da ditadura – em troca do afrouxamento gradual das sanções contra o país e as autoridades chavistas atualmente no poder.

"A Venezuela precisa de um Acordo de Salvação Nacional. Acordo a ser alcançado entre as forças democráticas representadas pelo governo interino, a Assembleia Nacional e a plataforma unitária; os atores que constituem e sustentam o regime; e a comunidade internacional, especialmente as potências internacionais", disse Guaidó em um vídeo postado em suas redes sociais nesta terça-feira (11).

A proposta foi bem recebida por aliados de Guaidó no exterior. Os Estados Unidos e a União Europeia, essenciais para que o acordo seja implementado, emitiram comunicados respaldando a ideia. O embaixador americano para a Venezuela, James Story, disse que os EUA apoiam "todos os esforços de Guaidó e da oposição venezuelana para restaurar pacificamente a democracia na Venezuela" e afirmou que acredita que "a solução para a crise é um acordo abrangente". Da mesma maneira, a União Europeia declarou, por meio de um de seus porta-vozes, que "a única saída sustentável" para a crise na Venezuela se dará por meio de negociações políticas que conduzam a eleições "críveis, transparentes e inclusivas".

Maduro também se mostrou disposto a se reunir com toda a oposição – embora alegue que seu regime já dialogue com a chamada oposição "tolerada" ou oposição "branda", composta por partidos políticos que disputaram as eleições parlamentares em dezembro passado e pelo movimento de Henrique Capriles, que aceitou negociar com o regime no ano passado.

"Concordo com a ajuda da UE, da Noruega e do Grupo de Contato. Quando quiserem, onde quiserem e como quiserem, prontos para enfrentar toda a oposição", disse o líder chavista, aproveitando a oportunidade para menosprezar o opositor. "Acabou sua presidência, Guaidó, você é um péssimo líder da oposição. Agora você quer falar com o Maduro", desdenhou.

Os principais pontos da proposta de Guaidó

  1. Convocação de um cronograma de eleições – presidencial, parlamentares, regionais e municipais – livres e justas, com observação e respaldo internacional.
  2. Entrada massiva de ajuda humanitária e vacinas contra Covid-19 no país.
  3. Garantias democráticas para todos os atores envolvidos, tanto para os setores da oposição (com libertação de presos políticos e regresso dos exilados), quanto do chavismo.
  4. Compromisso da comunidade internacional, oferecendo incentivos ao regime, incluindo o levantamento progressivo das sanções – condicionando-se isso ao cumprimento dos objetivos citados acima.

"Ninguém confia na ditadura", disse Guaidó, provavelmente referindo-se às várias tentativas de diálogo com o regime ao longo da última década que sempre acabaram fortalecendo o chavismo e enfraquecendo a oposição. "Isso só será possível se contarmos com maior pressão nacional e internacional… e com mecanismos de prestação de contas do regime se ele tentar evadir de novo uma solução negociada". Ou seja, se o regime mais uma vez abandonar a mesa de negociação, as sanções multilaterais devem ser aumentadas, além de outras formas de pressão internacional e protestos populares na Venezuela.

"A ditadura buscará continuar criando negociações paralelas e parciais para dar supostas concessões e dividir a oposição", acrescentou o líder opositor, referindo-se à recente eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral, que agora está composto por três membros chavistas e dois neutros, ou seja, continua sendo controlado pelo regime. Esse novo CNE surgiu de um acordo entre o chavismo e a chamada "oposição tolerada" e foi considerado pelo restante da oposição venezuelana como uma pequena concessão com risco controlado por parte do regime, para que as eleições possam ganhar um verniz de legitimidade perante o público interno e externo.

"Para enfrentar esse cenário devemos estar unidos", disse Guaidó, em um chamado para recompor as fileiras da oposição que, durante 2020, se dispersaram de sua liderança. Ele também afirmou que está disposto a abrir mão da liderança da oposição se esta for a melhor opção para enfrentar o chavismo.

"Enquanto não houver uma pressão real e uma negociação com a comunidade internacional, a ditadura seguirá roubando as eleições".

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