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Ruas da Cidadania e supermercados passam a coletar doações

Os curitibanos que querem fazer doações para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti têm novas opções para levar os donativos. Além da campanha do governo do estado iniciada na segunda-feira (18), a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba também lançou uma campanha de arrecadação de doações. Os alimentos podem ser levados para as Ruas da Cidadania e na sede da Guarda Municipal, na Rua Presidente Faria, 451, no Centro

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Uma mulher de 84 anos foi resgatada com vida sob os destroços de um prédio em Porto Príncipe nesta sexta-feira, 10 dias depois do terremoto que devastou a maior parte da capital haitiana, disse o médico que a examinou.

"(As equipes de resgate) resgataram-na no começo da manhã. Ela mal respondia, tinha ferimentos em todo o corpo e larvas. É muito raro", disse à Reuters o doutor Vladimir Larouche, um médico com dupla cidadania, haitiana e norte-americana, no Hospital Geral.

Ônibus e dinheiro voltam a circular

O dinheiro voltou a circular e os ônibus começaram a percorrer as ruas cheias de destroços da capital do Haiti, mas ainda não havia comida suficiente para alimentar os sobreviventes do terremoto.

"Podemos fazer isso 24 horas por dia pelos próximos seis meses e ainda assim não satisfaremos a demanda", disse o primeiro sargento Rob Farnsworth, que integra a unidade aerotransportada do Exército norte-americano que distribui pacotes de alimentos em um acampamento esquálido onde os sobreviventes vivem a céu aberto.

Até 1,5 milhão de haitianos perderam suas casas após o terremoto de 12 de janeiro que abalou o pequeno país caribenho, devastou a capital Porto Príncipe e matou cerca de 200 mil pessoas.

A população se esforça para encontrar comida, água e cuidados médicos. Mesmo aqueles cujas casas resistiram ao tremor de magnitude 7 estão muito traumatizados pelos tremores secundários para dormir debaixo de um teto.

Há sinais de que a vida cotidiana está sendo retomada. Os taptaps, os pequenos ônibus privados decorados com muitas cores, começaram a circular em Porto Príncipe, compartilhando as ruas com as escavadoras e pás carregadeiras que limpam os destroços.

Os bancos estão programados para reabrir no sábado e agências de transações monetárias fizeram alguns negócios. Centenas de pessoas disputavam por um lugar diante de uma agência da Unitransfer aberta na sexta-feira.

"Quero pegar um pouco de dinheiro enviado pela família no Canadá. São 500 dólares, mas está difícil. Há tantas pessoas", disse o empresário Aslyn Denis, de 31 anos, aguardando na longa fila.

O Programa Alimentar Mundial distribuiu 1,2 milhão de rações de comida a hospitais e orfanatos na quinta-feira e espera distribuir 10 milhões na semana que vem.

"Talvez sejamos capazes de aumentar ainda mais rápido", disse Josette Sheeran, diretora executiva do Programa Alimentar Mundial, da Organização das Nações Unidas (ONU). "Finalmente temos suprimentos e alimentos vindos de todos os cantos do mundo."

Avanço em caminhão de comida

O porto marítimo de Porto Príncipe passou por reparos a fim de reabrir parcialmente para navios de carga, enquanto as pistas perto da capital do Haiti e na vizinha República Dominicana recebiam voos trazendo ajuda.

"Estão vindo em navios e aviões. Temos cinco pontos de entrada em Porto Príncipe por terra, ar e mar", afirmou Sheeran.

No entanto, cerca de mil pessoas famintas avançaram num caminhão militar norte-americano quando a 82a companhia aerotransportada, conhecida como "the Beast" (a besta), distribuía alimentos e água em um acampamento num campo de futebol.

Subjugados, os soldados se retiraram após distribuir 600 pacotes de refeições, deixando ainda 250 pacotes no caminhão.

Um grande supermercado, o Big Star Market, reabriu suas portas no subúrbio de Petionville nesta sexta-feira, vendendo desde nacos de presunto e carne de carneiro até chocolates para o Dia dos Namorados.

A gerente da loja disse que tinham estoque apenas para uma ou duas semanas e ainda não haviam recebido entregas. "Está difícil, porque todo mundo fica nervoso ao estar dentro dos lugares, as pessoas podem pagar apenas com dinheiro ou cheque, não é fácil", disse ela.

Os haitianos estão se dando conta que podem levar meses ou anos para retornarem à normalidade.

"Queremos acabar com isso, mas ainda não terminou, as coisas estão ruins", disse a arquiteta Jeanette, de 53 anos, que fazia compras no supermercado. "Perdi meu escritório. Perdi um ano inteiro de trabalho. Não temos estabilidade, não temos direção, fomos deixados à nossa própria sorte. Não podemos fazer planos para o futuro, vivemos apenas um dia após o outro."

A Organização das Nações Unidas (ONU) contabilizou quase 450 acampamentos de sem-teto apenas em Porto Príncipe e pediu que o governo os consolidasse para seguir com a distribuição de alimentos.

"A população está tão espalhada e todos eles precisam de serviços básicos", afirmou Sheeran. "Estamos de fato rezando para que não chova, porque isso dificultará ainda mais para chegar às pessoas."

O governo do Haiti planeja levar 400 mil sobreviventes de Porto Príncipe para novos vilarejos que serão construídos nas proximidades da cidade costeira, onde os sem-teto aninham-se, cozinham e dormem em meio a corpos em decomposição e montanhas de lixo.

"Precisamos de abrigo e de chuveiros. Não temos comida nem água. Quando chove, temos muitos problemas", disse o estudante Iswick Theophin, que está morando num abrigo improvisado.

Rádios de Graça

Helicópteros da Marinha norte-americana transportaram caixas de água para distribuir aos haitianos num acampamento montado num campo de golfe. O ator Sean Penn visitou o local nesta sexta-feira para entregar antibióticos, analgésicos e filtros de água. "A cidade inteira desabou", comentou ele.

Soldados norte-americanos começaram a distribuir 50 mil rádios movidos a energia solar ou a manivela para ajudar os haitianos a se informar e a receber os anúncios públicos. Os aparelhos também têm luzes e carregadores de celulares.

Cooperação no Haiti

Os Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram um acordo esclarecendo que cabe à entidade global a coordenação do auxílio internacional ao Haiti depois do terremoto deste mês.

Funcionários da ONU, agentes humanitários e diplomatas vinham reservadamente se queixando das tensões entre os militares norte-americanos e a ONU nos primeiros dias depois da tragédia, quando governos do mundo inteiro se apressavam em enviar ajuda humanitária ao miserável país caribenho.

Tropa brasileira começará busca por presos fugitivos no Haiti

As tropas brasileiras em missão de paz no Haiti já colocaram seu serviço de inteligência em operação para recapturar bandidos que fugiram da prisão durante o terremoto de 12 de janeiro.

Segundo o governo local, aproximadamente 3 mil criminosos voltaram às ruas após o presídio em que estavam detidos ter vindo abaixo.

"A inteligência brasileira já está trabalhando na localização desses fugitivos", disse o coronel Alan Sampaio Santos. "Estamos nos preparando para prendê-los logo após esse primeiro momento emergencial (recuperação de corpos e ajuda humanitária às vítimas do sismo)", acrescentou.

Sequestros

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a infância) denunciou nesta sexta-feira (22) que pelo menos 15 crianças foram sequestradas em diferentes hospitais do Haiti depois do terremoto que devastou o país no dia 12.

Jean-Claude Legrand, assessor de proteção à infância da agência, disse que a suspeita é que eles tenham sido sequestrados por redes de tráfico que os teriam levado a Santo Domingo, capital da vizinha República Dominicana. "O tráfico de crianças já existia no Haiti antes do terremoto", disse ele. "Desgraçadamente, as quadrilhas têm vínculos com o mercado internacional da adoção ilegal."

Ele disse que o Unicef enfrentou o mesmo problema depois do tsunami na Ásia, em 2004. "Essas redes entram em ação assim que ocorre uma catástrofe e aproveitam a debilidade da coordenação das autoridades para sequestrar crianças e tirá-las do país", explicou.

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