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Tel-Aviv – A Faixa de Gaza transformou-se ontem em um campo de batalha entre partidários das duas principais facções que disputam o poder na Autoridade Palestina (AP). Os confrontos entre o partido moderado Fatah (do presidente Mahmud Abbas) e o grupo radical Hamas (do primeiro-ministro Ismail Hanyie) deixaram ao menos três mortos e mais de 25 feridos.

A violência começou depois da convocação antecipada de eleições gerais pelo presidente Abbas, no sábado. A medida foi rejeitada pelo Hamas, que lidera o governo desde março. À noite, a agência palestina de notícias Maan informou que os dois grupos acertaram um cessar-fogo.

Trégua

O porta-voz do Hamas, Ismail Rudwan, disse que as duas facções concordaram em iniciar conversas para formar um governo de unidade, parar as exibições públicas com armas, recolher as forças de segurança aos quartéis, soltar homens seqüestrados de ambos os lados e acabar com as pressões sobre ministros do governo.

No entanto, a violência que tomou conta de Gaza já está sendo qualificada de "guerra civil" por analistas políticos e jornalistas palestinos e israelenses porque a luta envolveu, além das milícias, considerável parte da população civil.

Houve agitação também na Cisjordânia, onde manifestantes do Fatah e do Hamas tomaram as ruas das principais cidades. A maior manifestação ocorreu em Jenin, com 100 mil ativistas do Fatah.

No incidente mais grave, dois morteiros foram lançados contra o complexo presidencial de Mahmud Abbas na Cidade de Gaza. O local serve de residência e de escritório para o presidente quando ele está na cidade. No momento do ataque, Abbas estava em Ramallah, na Cisjordânia, onde mora. No tiroteio de uma hora que se seguiu ao ataque, uma palestina de 19 anos morreu e um fotógrafo do jornal francês Libération foi ferido na perna.

Um dos morteiros caiu a poucos metros de distância da estação de tevê controlada pelo Fatah. Ativistas do partido qualificaram o ataque como "tentativa de golpe de Estado", já que, segundo eles, militantes do Hamas tentaram tomar o controle tanto do complexo presidencial quanto da emissora de televisão.

O coronel das forças de segurança palestinas Adnan Rahmi, ligado ao Fatah, foi assassinado depois de ter sido seqüestrado por homens encapuzados em Jebaliya, na Faixa de Gaza.

Ataque

O líder do Hamas, por sua vez, acusou o Fatah de golpe de Estado porque a comitiva do ministro das Relações Exteriores palestino, Mahmud al-Zahar, foi atacada por atiradores não identificados no começo da tarde. Al-Zahar, um dos principais líderes do grupo radical, ficou ileso.

O chanceler palestino também acusou o Fatah de tentar tomar o controle dos ministérios da Agricultura e dos Transportes, com cerca de 4 mil soldados oficiais. "O que está acontecendo é um golpe de Estado, com assassinatos, tentativas de assassinatos e a ocupação de ministérios", disse. Apesar da violência, Mahmud Abbas indicou que seguirá adiante no processo eleitoral, no qual os palestinos deverão escolher um novo presidente e um novo primeiro-ministro.

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