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O governo palestino liderado pelo grupo militante Hamas está estudando amenizar sua posição em relação a Israel para reduzir seu isolamento internacional, mas para isso exigirá concessões do Estado judaico e de outros países, afirmaram integrantes do Hamas na quinta-feira.

Segundo eles, estão sendo discutidas questões como a iniciativa árabe de paz de 2002, resoluções da ONU sobre o conflito israelo-plestino e a agenda internacional da Organização pela Libertação da Palestina. Todas incluem o reconhecimento de Israel. Um especialista afirmou que a amenização da posição do Hamas não representará uma mudança em sua ideologia, que prega a destruição de Israel, mas pode ser uma forma de trazer de volta a ajuda internacional à Autoridade Palestina e de se aproximar do presidente Mahmoud Abbas.

O vice-premiê Naser al-Shaer, líder influente do Hamas e próximo ao premiê Ismail Haniyeh, disse à Reuters que várias idéias estão sendo analisadas. "Nenhuma decisão foi tomada ainda", disse ele.

"Está bem claro que o mundo quer um determinado preço político ou uma determinada posição deste governo. Qual é essa posição, e até que ponto ela pode ser alcançada?"

O ministro de Questões Religiosas, Nayef al-Rajoub, acrescentou: "Estamos estudando e analisando todos os tipos de propostas, incluindo a iniciativa árabe de paz ... mas isso não significa que já tenhamos aceito alguma coisa".

Os países árabes vêm pressionando o governo palestino a aceitar sua iniciativa de paz, que oferece a paz à Israel em troca das terras capturadas em 1967. Até agora, o Hamas havia rejeitado as exigências feitas pelo Ocidente para que reconheça o Estado de Israel e se desarme.

O grupo ofereceu uma trégua, exigindo que Israel desocupe as terras capturadas em 1967 e reconheça o direito de retorno dos palestinos refugiados. Israel negou.

"Queremos superar essa crise, mas não sem um preço. Queremos sinais claros por parte de Israel e da comunidade internacional que mostrem que eles falam sério sobre encerrar a crise e concordem em reconhecer os direitos do povo palestino", disse Shaer.

Mas, ao discursar para 1.500 professores em Gaza na quinta-feira, o premiê Haniyeh garantiu que não fará concessões.

O Hamas vem sendo pressionado por todos os lados. O ministro das Finanças já advertiu sobre a possibilidade de um colapso nos próximos meses, e os salários de 165 mil funcionários públicos estão um mês atrasados.

"Nossas opções são uma iniciativa de paz que chegue perto de reconhecer Israel diretamente, consolide as relações com o presidente Mahmoud Abbas para superar o isolamento mundial ou que aja duro e encerre a trégua contra Israel," disse um outro integrante do Hamas que não quis ser identificado.

Para o analista político Basem Izbidi, especialista no Hamas, qualquer amenização ideológica seria uma manobra para permanecer no poder. "O Hamas não tem outra opção exceto reforçar sua relação com Abbas e permitir que ele busque a paz com Israel," afirmou ele.

"O confronto entre Abbas e o governo é inevitável, a menos que eles mudem," disse um importante assessor do presidente. Outros assessores disseram que, se os salários continuarem atrasados e se houver protestos populares, Abbas destituirá o governo e formará um gabinete apartidário de tecnocratas.

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