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O grupo islâmico Hamas suspendeu nesta sexta-feira uma trégua com Israel, que já durava 16 meses, após ataques atribuídos a forças israelenses que mataram dez palestinos, inclusive três crianças que brincavam em uma praia.

O Hamas, que governa os territórios palestinos, ameaçou retomar os atentados contra o Estado israelense.

"Os massacres israelenses representam uma abertura direta para a guerra", disse a ala armada do Hamas em declaração divulgada por seus líderes políticos. "O terremoto nas cidades sionistas vai recomeçar, e as hordas de ocupantes não terão outra escolha que não preparar os caixões ou as malas para partir".

Nem o governo israelense nem o presidente palestino, Mahmoud Abbas, comentaram a declaração do Hamas.

O Exército israelense disse estar investigando o incidente. Israel vem bombardeando o norte da Faixa de Gaza para conter foguetes disparados por extremistas palestinos.

O Hamas, que prega a destruição de Israel, realizou quase 60 atentados suicidas entre o início da rebelião palestina, em 2000, e a declaração da trégua, no começo de 2005.

Apesar do anúncio, um importante assessor do presidente palestino, que é da facção adversária Fatah, anunciou que ele pretende levar adiante o referendo sobre uma declaração de independência que implicitamente reconhece Israel. O Hamas rejeita essa proposta.

Fontes palestinas disseram que os bombardeios e disparos israelenses mataram dez palestinos em Gaza, maior número em um só dia desde 2004. Autoridades palestinas disseram que sete pessoas - cinco da mesma família - foram mortas por disparos feitos a partir de barcos de Israel contra uma praia lotada.

Entre os mortos estão três crianças, de 1, 3 e 10 anos. A irmã deles, que estava nadando, sobreviveu. Vinte pessoas ficaram feridas. Cobertas de sangue, crianças gritavam, enquanto os adultos retiravam os mortos e feridos da areia.

O Exército israelense disse ter suspendido os disparos e iniciado uma investigação. Um comandante disse lamentar eventuais mortes de civis.

- Não disparamos contra um lugar onde houvesse inocentes - disse o general Yoav Galant a jornalistas. -Estamos explorando duas possibilidades: um disparo de artilharia mal direcionado ou um incidente independente, no qual não estávamos envolvidos.

Em outro incidente, um bombardeio israelense matou três homens que, segundo o Exército de Israel, estavam disparando foguetes. Os palestinos disseram que os homens não eram extremistas.

Os disparos dos insurgentes contra Israel aumentaram nesta sexta-feira, um dia depois de os israelenses terem matado Abu Samhadana, que havia sido nomeado pelo Hamas para um importante cargo de segurança.

Abbas qualificou as mortes na praia de "massacre sangrento" e declarou três dias de luto oficial.

O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, que é líder do Hamas e adversário de Abbas, chamou o incidente de "crime de guerra" e pediu a intervenção de Jordânia e Egito, mediador em negociações anteriores entre palestinos e israelenses.

O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, confirmou que o grupo vai retomar os ataques:

- Acredito que, em meio ao contínuo derramamento de sangue da nossa gente e das terríveis imagens de massacres, não há lugar para o silêncio.

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