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Seguranças cubanos carregam uma das Damas de Branco para um ônibus | Enrique De La Osa/Reuters
Seguranças cubanos carregam uma das Damas de Branco para um ônibus| Foto: Enrique De La Osa/Reuters

Cerca de 30 integrantes do grupo Damas de Branco, que reúne mães e mulheres de 75 prisioneiros políticos cubanos, foram detidas durante marcha no bairro de Párraga, subúrbio de Havana, on­­tem. Aos empurrões, todas foram forçadas a entrar em dois ônibus que as levaram para a casa da lí­­der Laura Pollán, no centro da ca­­pital. Na confusão, algumas mu­­lheres ficaram feridas e precisaram de atendimento médico.

Entre as manifestantes estava Reyna Tamayo, mãe do detento Orlando Zapata Tamayo, morto no mês passado depois de 85 dias de greve de fome.

O ato marcava o terceiro dos sete dias de protestos organizados pelas Damas de Branco para lembrar o sétimo aniversário da "Pri­­mavera Negra’’, a última forte onda de repressão contra dissidentes em Cuba.

Depois de assistir a uma missa, o grupo pretendia ir em passeata à casa de Orlando Fundora, dissidente preso na ação de 2003 que foi solto devido à saúde frágil e, há alguns dias, estaria também em jejum.

O trajeto das Damas de Branco começou sob os aguardados ataques de cerca de 300 manifestantes pró-governo. Depois, vieram os avisos de policiais e de agentes do Ministério de Interior – a maio­­ria de mulheres, uniformizadas e à paisana – para que se dispersassem.

As mulheres avançaram cerca de dez quadras, sob chuva, antes de serem barradas pelos agentes, que formaram um cordão para obrigá-las a entrar em um ônibus que bloqueava a via. Depois, ou­­tro ônibus veio. Mulheres que re­­sistiram jogando-se ao chão acabaram carregadas. Várias ficaram feridas.

"Estamos em uma manifestação pacífica e não vamos entrar em um ônibus do governo que mantém nossos familiares presos há sete anos’’, afirmou a líder Pollán antes de ser obrigada a en­­trar em um dos ônibus que seguiram para a casa dela.

Pollán chamou a ação de "se­­questro’’ e disse ter sofrido arranhões e uma fratura em um dedo. Ela ainda acusou "os militares’’ de terem feito "gestos obscenos’’. Pollán – cujo marido, Héctor Ma­­ceda, cumpre pena de 20 anos de prisão – defendeu a marcha que, segundo ela, não visava "nenhum lugar "sagrado’’’, em referência aos edifícios do governo cubano.

"Estamos aqui (na casa de Pol­­lán) e continuaremos com as marchas, a não ser que nos ponham na prisão’’, disse a manifestante Bertha Soler, por telefone. "O go­­verno está encurralado e por isso faz essas coisas’’, completou.

Um homem não identificado foi preso em meio às manifestantes ontem, a exemplo do que ocorrera anteontem, quando protestaram na União dos Jornalistas de Cuba (Upec, na sigla em espanhol).

O governo de Raúl Castro nega manter presos políticos e diz que todos são "delinquentes comuns’’ e "mercenários’’ a serviço dos Es­­tados Unidos.

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