Protesto em Lisboa contra as medidas de austeridade impostas pela União Europeia| Foto: Hugo Correia/Reuters

A ideia de abandonar o euro vem ganhando força em Portugal e entrou no debate público com base em razões, principalmente econômicas, que apontam a moeda única como origem de parte dos problemas que afligem o país.

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A hipótese, formulada há anos, é agora objeto de discussão generalizada – em um contexto de forte crise e marcado pessimismo na sociedade lusa – graças ao economista João Ferreira do Amaral e seu livro "Porque devemos sair do euro", que parece nas listas dos mais vendidos nas últimas semanas.

A opção de retornar ao escudo é defendida historicamente por organizações de esquerda, como o Partido Comunista, e conta com a simpatia dos setores mais populares.

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Doutor em Economia, professor universitário e antigo diretor do Ministério das Finanças, Ferreira do Amaral argumenta que a severa crise que Portugal atravessa é consequência de sua entrada no euro e não do aumento da dívida pública.

Justificativa

Sua tese se baseia em que o país não está preparado para ter uma moeda tão forte e em que a impossibilidade de ajustar sua política monetária (reduzindo a taxa de câmbio ou emitindo mais dinheiro, por exemplo) afetou sua competitividade, impedindo de aumentar suas exportações e reequilibrar sua deficitária balança comercial.

A teoria de abandonar a moeda comum encontrou em Portugal um terreno fértil para sua rápida propagação, já que o país não vislumbra ainda o fim de uma crise que lhe levou a acumular três anos de recessão consecutivos.

"O euro foi criado para ser uma moeda forte e seria um milagre que fosse útil para todos os membros comunitários. Se fosse tão fácil, todos os países do mundo quereriam uma moeda forte e não é assim, já que depende da competitividade e a estrutura de cada um", diz Amaral.

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Embora o governo se mantenha afastado do debate, juristas, economistas e analistas respaldaram nas últimas semanas a saída, mas discordam se isso representaria inevitavelmente abandonar o projeto comunitário ou, pelo contrário, poderia ser mantido apesar de ter outra moeda, como faz, por exemplo, o Reino Unido.