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EUA

Homem usa avatar de IA para se defender em tribunal de Nova York e é repreendido por juízes

Fachada do tribunal de apelações de Nova York: caso inusitado ocorreu em março (Foto: Wikimedia Commons/Billy Hathorn)

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Um homem surpreendeu um tribunal de apelações de Nova York ao tentar se defender usando um avatar gerado por inteligência artificial (IA) durante uma audiência realizada no dia 26 de março.

O episódio, noticiado nesta sexta-feira (4) pela agência Associated Press (AP), ocorreu durante audiência da Primeira Divisão Judicial da Suprema Corte do Estado de Nova York - a Divisão de Apelações do tribunal - quando Jerome Dewald, autor de um processo trabalhista - que optou por representar a si mesmo - exibiu um vídeo com um avatar criado por IA em seu lugar. O plano, segundo a informação, era usar a tecnologia para apresentar seus argumentos, mas a tentativa foi rapidamente interrompida pelos juízes, que se sentiram enganados.

Tudo começou quando a juíza Sallie Manzanet-Daniels anunciou que o tribunal, composto por cinco magistrados, ouviria o vídeo enviado por Dewald, onde constaria seus argumentos de defesa. Assim que o material começou a ser exibido, os magistrados perceberam que se tratava de um avatar com voz computadorizada falando. Imediatamente, a juíza Daniels interrompeu a apresentação. Os demais magistrados presentes ficaram visivelmente incomodados com o uso da tecnologia em um contexto que exige a presença das partes envolvidas.

Após o incidente, Dewald enviou uma carta de desculpas ao tribunal, esclarecendo que não teve intenção de causar qualquer transtorno. Ele explicou que, por estar se representando sem advogado, acreditou que o avatar poderia apresentar seus argumentos de forma mais eficaz, sem os habituais "resmungos, tropeços e engasgos com as palavras".

Dewald admitiu: "O tribunal ficou realmente chateado com isso. Eles me repreenderam bastante." ​

Em entrevista à própria AP, o homem afirmou que havia solicitado ao tribunal permissão para apresentar um vídeo com seus argumentos previamente gravados e, em vez de aparecer no conteúdo, utilizou o avatar. Segundo ele, a ideia inicial era criar uma réplica digital com sua própria aparência, mas a versão não ficou pronta a tempo da audiência. O avatar foi criado por uma empresa de São Francisco.

Na audiência, os juízes não aceitaram o recurso tecnológico como substituto da presença real e identificável de Dewald. A tentativa foi vista como uma quebra do protocolo judicial. Naquele momento, após a apresentação inusitada, os magistrados decidiram encerrar a apresentação do vídeo e prosseguir com a sessão nos moldes tradicionais.

O caso de Dewald não foi encerrado e ainda está sendo apreciado pelo tribunal de apelações.

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