Centenas de gays, lésbicas e transexuais (LGBT) lembraram o governo indiano neste domingo que existem, em uma festiva Parada do Orgulho Gay em Nova Délhi, realizada depois de no fim do ano passado a Justiça criminalizar as relações homossexuais.

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Com o lema "não há marcha à ré" e entre danças, músicas e slogans, a comunidade LGBT da capital se manifestou contra o artigo 377 do Código Civil que proíbe as relações "contra natura" e que foi restaurado pela Corte Suprema em dezembro, quatro anos depois de ter sido declarado anticonstitucional.

"Sou gay", gritavam manifestantes, ao que outros participantes respondiam "está bem", em um ambiente colorido com pessoas fantasiadas e algumas com máscaras para não serem reconhecidas. "Azadi" (liberdade em híndi) foi outra das palavras de ordem proclamadas contra a repressão que sofrem.

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"O artigo 377 cria uma atmosfera que permite a violência, o estigma e a discriminação contra a comunidade LGBT. Acho que esta manifestação, quase um ano após a decisão de Tribunal Supremo é muito importante", disse à agência Efe Rafiul Alom, estudante universitário de Literatura Inglesa de 23 anos.

"É uma forma de dizer ao Supremo e ao governo: olha, ainda existimos. Estamos aqui. Somos gays e estamos orgulhosos", acrescentou o jovem.

Além de pessoas da comunidade LGBT, estiveram presentes heterossexuais que queriam mostrar apoio a causa.

"Acho que fazem disto uma questão maior dos que é. Na realidade não importa se é gay porque no final todos somos pessoas e não há diferenças entre nós", afirmou Aditi Kuriakose, estudante de 20 anos de artes liberais, que estava acompanhada por um grupo de amigas.

Lei

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A Corte Suprema indiana anulou uma sentença do Tribunal Superior de Nova Délhi que legalizou a homossexualidade em 2009, por considerá-la "constitucionalmente insustentável", e afirmou que o parlamento pode considerar a opção de emendar o Código Penal.

Mas nem analistas nem gays acreditam que o governo conservador do nacionalista hindu Narendra Modi legalizará as relações homossexuais.

"Não acho que Modi nem seu partido, o Bharatiya Janata Party, vão discutir isto no parlamento. É um partido hindu com laços com organizações religiosas que afirmam que a homossexualidade atenta contra nossa cultura e valores", disse à agência Efe Rahul, um jovem gay.

O artigo 377, uma lei britânica de 148 anos de antiguidade, da época vitoriana, prevê penas de até 10 anos, mas não costuma ser aplicada, sendo mais usada pela polícia para chantagear os gays, segundo os ativistas.

No único caso que vazou até agora, um marido foi denunciado em outubro por sua esposa por ser gay, após suspeitar dele por não manter relações sexuais e porque levava homens para casa quando ela não estava.

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O acusado foi posto em liberdade após pagar fiança e aguarda julgamento.

Apesar da ilegalização das relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, a Corte Suprema indiano reconheceu em abril os transexuais como um "terceiro gênero", diferente do masculino e do feminino, medida que pretende acabar com a discriminação.

Após o restabelecimento da penalização na Índia, o Nepal é agora o único país do sul da Ásia onde as relações entre homossexuais são legais.