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O papa Tawadros II de Alexandria, líder da Igreja Copta Ortodoxa, e o papa Francisco, durante encontro no Vaticano em maio de 2023
O papa Tawadros II de Alexandria, líder da Igreja Copta Ortodoxa, e o papa Francisco, durante encontro no Vaticano em maio de 2023| Foto: EFE/EPA/GIUSEPPE LAMI

A Igreja Copta Ortodoxa suspendeu o diálogo com a Igreja Católica alegando que ocorreu uma “mudança de posição” desta sobre a homossexualidade – o que é negado pelo Vaticano.

Segundo informações do site Catholic News Agency, o porta-voz da Igreja Copta Ortodoxa, padre Moussa Ibrahim, confirmou em vídeo que um dos nove decretos do Santo Sínodo anual dessa igreja, realizado na semana passada em Wadi El-Natrun, no Egito, foi “suspender o diálogo teológico com a Igreja Católica após sua mudança de posição sobre a questão da homossexualidade”.

Em declaração, os líderes da Igreja Copta Ortodoxa afirmaram que, “depois de consultar as igrejas irmãs da família Ortodoxa Oriental, foi decidido suspender o diálogo teológico com a Igreja Católica, reavaliar os resultados alcançados pelo diálogo desde o seu início há 20 anos e estabelecer novos padrões e mecanismos para que o diálogo prossiga no futuro”.

Os líderes afirmaram sua “firme posição de rejeição a todas as formas de relações homossexuais, porque violam a Bíblia Sagrada e a lei pela qual Deus criou o homem como homem e mulher, e a Igreja considera qualquer bênção de tais relações, seja qual for o seu tipo, como uma bênção para o pecado, e isso é inaceitável”.

Embora os coptas aleguem que a Igreja Católica teria mudado de posição sobre a homossexualidade, o Vaticano faz questão de esclarecer que não houve nenhuma mudança de doutrina nem sobre esse tema, nem sobre o casamento.

O Dicastério para a Doutrina da Fé publicou em dezembro a declaração Fiducia supplicans, que aborda o significado pastoral das bênçãos. O documento, discutido com o papa Francisco e aprovado por ele, abre a possibilidade de bênçãos para casais em situação irregular e do mesmo sexo, sem que isso signifique uma aprovação da forma como eles vivem – a bênção seria dirigida às pessoas, não à união em si.

A declaração distingue entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas.

“É precisamente neste contexto que se pode compreender a possibilidade de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo sem validar oficialmente o seu status ou alterar de alguma forma o ensinamento perene da Igreja sobre o matrimônio”, diz o texto, que reafirma o ensinamento tradicional católico sobre o casamento – “união exclusiva, estável e indissolúvel entre um homem e uma mulher, naturalmente aberta à geração de filhos” – e sobre as relações sexuais, que só são lícitas quando ocorrem dentro de um matrimônio regular.

A declaração enfatiza que “são inadmissíveis ritos e orações que possam criar confusão” entre o casamento católico e as demais uniões. “Esta convicção baseia-se na perene doutrina católica do casamento; é somente neste contexto que as relações sexuais encontram o seu significado natural, próprio e plenamente humano. A doutrina da Igreja sobre este ponto permanece firme”, destaca o documento.

O parágrafo 28 da declaração afirma que há “várias ocasiões em que as pessoas vêm espontaneamente pedir uma bênção, seja em peregrinações, em santuários, ou mesmo na rua quando encontram um sacerdote”, e tais bênçãos “são dirigidas a todos, ninguém deve ser excluído”.

“Portanto, a sensibilidade pastoral dos ministros ordenados também deve ser formada para realizar espontaneamente bênçãos que não se encontram no Ritual das Bênçãos”, indica a declaração.

O Vaticano ainda deixou claro que a bênção tem de ser espontânea, ou seja, não seguir nenhum texto prévio ou padronizado, e afirma que dioceses ou conferências episcopais não devem redigir textos específicos para essas bênçãos, para evitar a confusão entre os fiéis e a impressão de que a Igreja estaria validando as uniões homoafetivas ou novas uniões civis entre divorciados.

“É essencial compreender a preocupação do Santo Padre para que estas bênçãos não ritualizadas nunca deixem de ser simples gestos que constituem um meio eficaz para aumentar a confiança em Deus por parte das pessoas que as pedem, cuidando para que não se tornem um ato litúrgico ou semilitúrgico, semelhante a um sacramento”, alerta o texto.

“Por esta razão, não se deve prever nem promover um ritual para a bênção de casais em situação irregular”, acrescenta.

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