Imigrantes centro-americanos cruzam a via fluvial de concreto do Rio Tijuana, na fronteira, para tentar chegar ao ponto de passagem da fronteira El Chaparral em Tijuana, Estado de Baja California, México| Foto: GUILLERMO ARIAS/AFP

Autoridades dos Estados Unidos fecharam o porto mais movimentado de entrada ao longo da fronteira com o México neste domingo (25) e dispararam gás lacrimogêneo contra integrantes de uma caravana de imigrantes centro-americanos que tentaram ultrapassar a cerca que separa os países.

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Embora o número de pessoas na fronteira fosse relativamente pequeno, a inquietação – com migrantes tentando escalar cercas e passar por rodovias para chegar aos Estados Unidos, e cenas de mães e crianças engasgadas com gás lacrimogênio – representou uma séria escalada da crise.

O que tinha começado na manhã de domingo como um protesto de imigrante pelo ritmo lento do processo de pedidos de refúgio nos EUA, se transformou em uma disputa caótica na qual centenas fizeram seu caminho até a fronteira na esperança de cruzar para o solo americano. Para impedir que isso acontecesse, e enquanto alguns atiravam pedras e garrafas, os funcionários da Alfândega e Proteção das Fronteiras tomaram o raro passo de disparar gás lacrimogêneo no México, e também fecharam todo o tráfego legal de veículos e pedestres na fronteira de San Ysidro, por onde passam cerca de 100.000 visitantes por dia. 

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Imigrantes da América Central correm ao longo do rio Tijuana, perto da passagem de El Chaparral, em Tijuana, após serem atingidos com bombas de gás lacrimogêneo 

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A secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, disse em um comunicado que o porto de entrada foi fechado "para garantir a segurança pública em resposta a um grande número de imigrantes que tentam entrar ilegalmente nos EUA". 

Alguns dos imigrantes tentaram romper a cerca da fronteira e "procuraram prejudicar o pessoal da alfândega lançando projéteis contra eles", afirmou o comunicado. 

Embora a maioria do grupo tenha se aproximado e se reunido pacificamente próximo à divisa, o Ministério do Interior do México disse que centenas tentaram atravessar a fronteira de maneira "violenta". As autoridades mexicanas disseram que deportariam qualquer um que tentasse atravessar ilegalmente. 

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Grupo de imigrantes sobe uma cerca de metal na fronteira México-EUA, perto da fronteira de El Chaparral, em Tijuana 

Antes das 21h (meia noite no horário de Brasília), a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês) informou que o porto de entrada havia sido reaberto.

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O comunicado acrescentou que, durante o dia, houve "múltiplos casos de pessoas que atiraram projéteis contra o pessoal do CBP" e "múltiplas apreensões confirmadas" daqueles que tentaram entrar ilegalmente nos EUA, bem como "muitas tentativas adicionais de cruzar a fronteira ilegalmente". 

"Também houve ataques contra o pessoal do CBP, com vários agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA atingidos por pedras", disse o comunicado. 

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Como a situação chegou a este ponto?

Depois de sair de Honduras e viajar pelo México, os primeiros membros da caravana começaram a chegar a Tijuana há cerca de duas semanas. Nos últimos dias, o grupo cresceu para mais de 8.200, com cerca de 7.400 membros nas cidades fronteiriças de Tijuana e Mexicali, segundo autoridades mexicanas. O prefeito de Tijuana declarou a situação como uma crise humanitária. 

A maior parte do grupo está acampada em um complexo esportivo em uma rodovia perto da cerca da fronteira. Enquanto uma pequena parte dos membros da caravana protestava, milhares ficaram para trás no complexo esportivo. Funcionários da fronteira dos EUA disseram ter uma capacidade limitada para processar requerentes de asilo, até 100 por dia. Os imigrantes que aguardavam na fronteira disseram que apenas 40 por dia estavam sendo liberados no sábado e no domingo. Na sexta-feira, 80 foram autorizados a entrar. 

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Nos últimos dias, os imigrantes planejaram o protesto de domingo para expressar sua frustração sobre a espera e as condições em que estão vivendo.

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Policiais mexicanos bloqueiam passagem de imigrantes na fronteira entre El Chaparral e os EUA, em Tijuana, Baja California, México 

"O desespero levou algumas pessoas a realmente acreditarem que a travessia é possível", disse Alex Almendares, 22, membro da caravana de Colón, Honduras. “Os EUA não nos deram nenhuma resposta e a situação no abrigo continua piorando”.

No domingo de manhã, a marcha de protesto foi em direção a uma das travessias de pedestres. A polícia mexicana bloqueou o caminho, e uma briga começou entre os policiais e algumas dezenas de manifestantes. Depois que a manifestação foi abafada, a situação ficou mais caótica, já que alguns migrantes tentaram cruzar a fronteira por diferentes pontos.

As autoridades dos EUA dispararam gás lacrimogêneo e direção ao México, o que fez com que os imigrantes fugissem. Nenhum ferimento grave foi imediatamente relatado. 

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Como agentes policiais federais, a Patrulha da Fronteira tem ampla liberdade para usar a força se achar que está sob ataque ou sob risco de ferimentos. Um agente do Arizona que disparou pela cerca da fronteira em resposta a atiradores de pedras, matando um garoto de 16 anos, foi absolvido na quarta-feira (21) da acusação de homicídio involuntário.