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Profissional de saúde e voluntária participam de treinamento para vacinação contra Covid-19 em centro médico em Nova Delhi, Índia, 2 de janeiro
Profissional de saúde e voluntária participam de treinamento para vacinação contra Covid-19 em centro médico em Nova Delhi, Índia, 2 de janeiro| Foto: Prakash SINGH / AFP

A Índia não permitirá a exportação da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca pelos próximos meses, o diretor do Serum Institute of India, que foi contratado para fabricar 1 bilhão de doses da vacina para países em desenvolvimento, disse no domingo (3) à Associated Press.

A vacina da AstraZeneca recebeu no domingo autorização para uso de emergência na Índia, com a condição de que o Serum Institute não exporte as doses para garantir que as populações vulneráveis do país estejam protegidas, disse Adar Poonawalla, CEO do instituto, à AP.

"Nós podemos dar [as vacinas] apenas para o governo da Índia no momento", disse o CEO, que afirmou ainda que a companhia foi proibida também de vender a vacina no mercado privado.

Fiocruz tenta reverter decisão

No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conseguiu, no sábado (2), a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação excepcional de 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford fabricadas na planta indiana. O imunizante é a principal aposta do governo brasileiro para o combate à pandemia.

A Fiocruz é responsável por produzir a vacina de Oxford no Brasil. O objetivo da importação das doses prontas produzidas na Índia é começar o calendário de imunização contra a Covid-19, de maneira emergencial, ainda em janeiro.

A intenção é buscar uma solução diplomática por meio do Itamaraty e do Ministério da Saúde para permitir a chegada das doses, segundo dirigentes da Fiocruz que acompanham a discussão. O laboratório deve pedir nesta semana o aval para uso emergencial da vacina à Anvisa. Até o dia 15, o plano é solicitar o registro definitivo. A Fiocruz e a agência tiveram reunião nesta segunda-feira, 4, para acertar detalhes sobre estes pedidos.

Segundo integrantes do governo federal, o veto indiano não deve atrasar a discussão sobre uso emergencial. Parte das autoridades que acompanha o debate afirma acreditar que a liberação das doses deve ocorrer mesmo com o veto indiano, pois as unidades estariam já reservadas para venda ao exterior.

Não será a primeira investida diplomática do Brasil para a liberação de produtos contra a Covid-19 presos na Índia. Em abril de 2020, o presidente Jair Bolsonaro conversou com o primeiro-ministro Narendra Modi e pediu o desbloqueio da exportação de insumos farmacêuticos para a produção da hidroxicloroquina.

Exportações para a Covax

Como resultado da decisão do governo indiano, de acordo com Poonawalla, a exportação de vacinas para a Covax (iniciativa da Organização Mundial de Saúde para garantir acesso equitativo aos imunizantes contra a Covid-19) deve começar apenas em março ou abril.

Com as nações ricas reservando a maior parte do que será fabricado neste ano, o instituto (o maior produtor de vacinas do mundo) provavelmente será o principal produtor do imunizante para as nações em desenvolvimento.

O CEO afirmou, ainda, que o instituto está em processo para assinar um contrato com a Covax para a produção de 300 milhões a 400 milhões de doses, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Isso vai além dos dois pedidos já existentes de 100 milhões de doses cada para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxforod/Astrazeneca e para a Novovax.

De acordo com ele, as primeiras 100 milhões de doses foram vendidas ao governo indiano por US$ 2,74, a dose, mas que os preços devem ser elevados nos próximos contratos. A vacina será vendida no mercado privado por US$ 13,68 a dose.

A entrega do primeiro lote deve ocorrer entre 7 e 10 dias, após a conclusão do contrato com o governo indiano. Ainda segundo o CEO, a companhia planeja fornecer de 200 milhões a 300 milhões de doses à Covax até dezembro de 2021. "Nós não conseguimos vacinar a todos agora. Nós temos que priorizar", afirmou.

O instituto também está negociando um acordo bilateral com outros países, como Bangladesh, Arábia Saudita e Marrocos. "Para que pelos menos os estados mais vulneráveis de nosso país ou em outras partes de outros países sejam atendidos", disse Poonawalla, que acredita que haverá uma escassez de vacinas contra o coronavírus no próximo ano.

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