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A Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, foi o último evento internacional de Lula (no centro) antes de deixar a Presidência da República | Christian Rizzi/Foz do Iguaçu
A Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, foi o último evento internacional de Lula (no centro) antes de deixar a Presidência da República| Foto: Christian Rizzi/Foz do Iguaçu

Energia

Paraguai cobra mudança no Tratado de Itaipu

O Paraguai deixou a Cúpula do Mercosul com a pendência do Brasil aprovar, em 2011, as Notas Reversais relativas ao preço pago pela energia de Itaipu. As notas estabelecem que o valor repassado ao sócio na hidrelétrica pelo excedente produzido deverá passar dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões por ano. A contrapartida é esperada pelo vizinho desde julho do ano passado.

Na quinta-feira (16), o vice-chanceler paraguaio, Jorge Lara Castro, comentou, logo após reunião bilateral do Conselho do Mercado Comum (CMC), que há um firme compromisso do governo brasileiro, na nova gestão, em aprovar a reivindicação que altera um dos anexos do Tratado de Itaipu.

Segundo o assessor da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, as Notas Reversais, que alteram o Tratado de Itaipu, devem ser aprovadas logo no início do ano. Garcia reforçou que há interesse por parte do Brasil em cumprir todos os acordos feitos com o Paraguai.

"Venezuela completa equação energética", defende Cristina

A presidente argentina, Cristina Kirchner, defendeu ontem, du­­rante a sessão final da Cúpula do Mercosul, a integração energética do bloco formado pelo Brasil, Uru­­guai, Paraguai e Argentina. Cris­­tina destacou a potência hidrelétrica do Brasil, os projetos argentinos na área atômica e apontou que, com a incorporação da Vene­­zuela – e suas reservas petrolíferas – ao Mercosul, a "equação energética" na região estaria completa.

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Foz do Iguaçu - Depois de recusar a Secretaria-Geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), no mês passado, e negar a pretensão de assumir o recém-criado cargo de Alta Autoridade do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu da cúpula regional realizada quinta-feira e ontem, em Foz do Iguaçu, com uma nova menção para ocupar o posto de Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

A indicação partiu do presidente da Bolívia, Evo Morales, e contou com apoio de outros colegas, como o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Morales disse que o nome do presidente brasileiro seria excelente para representar a América Latina junto à ONU. "Sin­­to que a tarefa do companheiro Lula não termina aqui e, sobretudo, que diante de tantas lutas so­­ciais que vivem nossos países, ele deve ser e será o futuro Secre­­tário-Geral das Nações Unidas", disse o líder boliviano.

Esta não é a primeira vez que o nome de Lula aparece como candidato à Secretaria-Geral das Na­­ções Unidas. Em março deste ano, o primeiro-ministro português, Jo­­sé Sócrates, defendeu o brasileiro para o cargo e disse que trabalharia a seu favor com políticos eu­­­­ro­­peus. Em maio foi a vez do por­­ta-voz da Autoridade Palestina, Mo­­hamed Edwan, indicar o petista.

A reação de Lula à indicação feita durante a Cúpula do Mer­­co­­sul pode ser um indicativo das dificuldades que seu nome enfrentaria no cenário internacional.

"Eu só posso entender a indicação como um gesto de cortesia do meu companheiro Evo Morales. Essa coisa a gente não reivindica, a gente não pede, a gente não articula", afirmou. Para Lula, o posto de Secretário-Geral da ONU deve ser ocupado por um técnico. "Eu acho que a ONU precisa ser dirigida por algum técnico competente. Não pode ter um político forte na ONU, porque não pode ser maior que os presidentes dos países e eu fico meio preocupado se virar moda presidentes de países presidirem a ONU", diz Lula.

A indicação do presidente brasileiro para a ONU divide analistas. Para o coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Inter­­nacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexsandro Pe­­reira, Lula é bem visto pela co­­mu­­nidade internacional e poderia usar como base para sua candidatura seu discurso e atuação contra a fome.

O comportamento dele, ao representar o Brasil sempre com a preocupação de costurar acordos e entrar em questões sensíveis, demonstra a intenção de estar à frente da ONU. "Ele tem pretensões sim por mais que negue".

Já o doutor em Direito Interna­­cional Jorge Fontoura diz que sobre o nome de Lula pesam pós e contras. Um dos contras é o próprio fato dele ser presidente e bem- sucedido no cargo o que lhe tiraria a isenção. Até hoje nenhum ex-­pre­­sidente assumiu o posto. Por outro lado, ao seu favor pesam a credibilidade internacional e trânsito nos Estados Unidos.

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