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Um grupo de intelectuais, jornalistas e políticos argentinos apresentará nesta quarta-feira (22) um documento no qual reivindica que o Governo leve em conta os malvinenses em seu conflito com o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.

Apesar de não se conhecer oficialmente o conteúdo da iniciativa, algumas das 17 personalidades que a assinaram asseguraram que o respeito dos interesses e opiniões dos habitantes do arquipélago sob soberania britânica desde 1833 é um de seus eixos centrais.

"A Argentina tem o direito a objetar a soberania britânica e a presença militar nas Malvinas, mas outra coisa é querer jogar na cabeça dos ilhéus uma soberania, uma cidadania e um Governo que não querem", disse à Agência Efe nesta terça-feira o ex-deputado Fernando Iglesias, um dos 17 signatários do documento intitulado "Malvinas, uma visão alternativa".

O grupo se formou a partir de contatos informais entre seus integrantes, depois que vários deles participaram dos debates públicos realizados nas vésperas do 30º aniversário do início da Guerra das Malvinas (2 de abril de 1982) e questionaram a posição oficial.

A intervenção mais polêmica foi a do jornalista Luis Romero, que há uma semana publicou uma coluna no jornal "La Nación" com o título "São realmente nossas as Malvinas?".

No artigo, Romero sustenta que "não haverá solução argentina à questão de Malvinas até que seus habitantes queiram ser argentinos e ingressem voluntariamente como cidadãos a seu novo Estado".

"Me parece difícil pensar em uma solução que não se baseie na vontade de seus habitantes, que vivem ali há quase dois séculos. É impossível não tê-los em conta, como faz o Governo argentino", escreveu.

O Reino Unido sustenta historicamente o direito de autodeterminação dos ilhéus como principal argumento para rejeitar a reivindicação argentina de soberania.

Já o governo argentino, pelo contrário, ressalta que, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o princípio de autodeterminação deve aplicar-se a um grupo étnico sobre seu espaço de pertinência e não sobre espaços ocupados ilegalmente.

Em sintonia com o expressado pelo Comitê de Descolonização das Nações Unidas, a Argentina insiste que o Reino Unido deve sentar-se para dialogar sobre a soberania e nos últimos meses conseguiu o apoio dos países do Mercosul e do Caribe, que proibiram a chegada em seus portos de navios com bandeiras das ilhas.

A tensão também subiu pela presença nas Malvinas do príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico, além do envio de um navio de guerra do Reino Unido para a região.

A Argentina, que reivindica a soberania das Malvinas desde 1833, apresentou no início de fevereiro uma queixa formal perante as Nações Unidas por considerar que o Reino Unido está militarizando o Atlântico Sul com o envio desse navio.

Argentina e Reino Unido estiveram em guerra pelas Malvinas de abril a junho de 1982, quando as tropas argentinas que tinham tomado o arquipélago de surpresa se renderam.

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