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São Paulo – De mocinhos a vilões. Medicamentos diferentes, quando usados de forma simultânea, podem reagir entre si, dando origem a um processo conhecido como interação medicamentosa. O problema é que essa reação pode anular ou potencializar o efeito de determinados remédios. E mais. Em alguns casos causam graves efeitos colaterais à saúde. Para um uso seguro, profissionais recomendam estar atento a algumas medidas simples, como evitar a automedicação e informar ao médico todos os remédios que se está tomando.

Levantamento da farmacóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), Patrícia Medeiros de Souza, apontam algumas dessas reações. Segundo ela, a combinação entre antibióticos e anticoncepcionais, por exemplo, pode anular o funcionamento da pílula. A explicação recai sobre uma enzima, que seria estimulada pelo antibiótico a aumentar a sua ação, destruindo o efeito do anticoncepcional.

De acordo com Patrícia, é preciso estar atento também ao tempo de permanência do medicamento no organismo. Um antidepressivo, por exemplo, pode continuar a agir por até cinco semanas após o consumo. Se o paciente trocar de remédio durante o tratamento, é como se tomasse dois ao mesmo tempo. Aumento da freqüência cardíaca e contração muscular podem ser alguns dos efeitos resultantes.

O professor de farmacologia Eduardo Dias de Andrade, da Universidade de Campinas (Unicamp), alerta para a interação com as soluções anestésicas locais – muito usadas em consultórios odontológicos para fechar vasos e reduzir sangramentos. Quando associadas à cocaína podem levar a um enfarte e, em combinação com remédios de emagrecimento, causam taquicardia.

Ainda de acordo com Andrade, hábitos de alimentação, consumo de cigarros e álcool também são decisivos. "Enquanto estiver tomando qualquer medicação, a pessoa deve evitar principalmente o álcool. Ele irrita a mucosa gástrica, interferindo na absorção do remédio. E, por ser diurético, acelera a eliminação", aponta.

Idade

Segundo Patrícia Medeiros de Souza, o uso seguro dos medicamentos também está associado à idade. "O metabolismo da criança só está completo aos sete anos. Não adianta diminuir a dose pelo peso, tem que tomar o medicamento adequado’’, afirma. Para os idosos, a prescrição deve ser ainda mais cautelosa. "A capacidade do rim e do fígado está diminuída, dificultando a capacidade de excretar. Precisa aumentar o intervalo ou diminuir a dose", explica. Dificuldade aumentada pela necessidade comum do uso de mais de um medicamento simultaneamente. "Um para o diabete, outro para pressão, outro para o colesterol. Só que umas drogas potencializam outras. É preciso muito critério’’, conclui Álvaro Nagib Atallah, chefe da Disciplina da Medicina de Urgência da Universidade Federal de São Paulo.

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