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Washington – Subiu alguns graus nas últimas horas a temperatura do enfrentamento entre Executivo e Legislativo, um embate a que a capital norte-americana não assiste igual desde pelo menos o caso Watergate, nos anos 70. Ontem, uma comissão da Câmara dos Representantes (deputados federais) aprovou a intimação de Karl Rove e de outros assessores do presidente George W. Bush para depor sobre a demissão de oito procuradores federais.

Há a suspeita de que os procuradores tenham sido demitidos por motivos políticos. Documentos e troca de e-mails já examinados pelo Congresso dão margem à interpretação de que, se os motivos foram mesmo políticos, Alberto Gonzales, secretário da Justiça de Bush, e Karl Rove, mais importante assessor político presidencial, tiveram um papel decisivo nelas.

A ação foi tomada claramente para desafiar a prerrogativa do Privilégio Executivo, instrumento pelo qual o presidente norte-americano pode se recusar a revelar algumas informações para o Congresso. Vem menos de 24 horas depois de o Senado ter restringido o direito do governo de nomear procuradores.

Xadrez

É mais um lance de xadrez entre um presidente enfraquecido politicamente pela condução da Guerra do Iraque e um Congresso dominado pela oposição democrata e de olho na sucessão presidencial de 2008. "Se o presidente resolver questionar nos tribunais as intimações, o caso pode durar mais do que sua Presidência’’, disse o analista legal Jeffrey Toobin.

Um subcomitê da Comissão Judiciária aprovou medida que convoca Rove a testemunhar em público sobre seu papel nas demissões; para ter efeito, a intimação ainda tem de ser votada em plenário. A Casa Branca afirmou que aceita que seus assessores sejam entrevistados – não intimados nem interrogados – em sessões privadas. George W. Bush reafirmou sua confiança em Gonzales.

"A verdadeira pergunta aqui é, e essa é uma decisão que os membros do Congresso terão de tomar, vocês querem chegar à verdade ou criar um espetáculo político?’’, perguntou Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, em reação à decisão de ontem.

Na terça-feira, o presidente republicano havia feito um pedido público à subcomissão para que as entrevistas fossem feitas particularmente, sem a presença da mídia e sem serem gravadas. Além da de Rove, foi aprovada a intimação da ex-conselheira jurídica Harriet Miers, que já deixou a Casa Branca, e um assessor direto do secretário da Justiça, todos para depoimentos públicos e gravados.

O Congresso resolveu investigar depois de serem reveladas trocas de e-mails que detalham as motivações políticas na demissão dos oito promotores, todos considerados defensores de posições contrárias às da Casa Branca.

Os cargos têm ocupantes apontados pelo presidente e confirmados pelo Senado. Rove teria participado da elaboração da lista, e a oposição se questiona se ele teria agido a pedido de Bush.

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