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O Irã ressaltou nesta quarta-feira sua determinação em continuar com a atividade nuclear sensível apesar da oposição ocidental, e uma autoridade do alto escalão disse que o país já tem capacidade de produzir em escala industrial as máquinas usadas para o enriquecimento de urânio.

As grandes potências suspeitam que o país quer construir bombas, mas Teerã insiste que deseja somente produzir eletricidade para que possa exportar mais petróleo e gás.

No mês passado, a república islâmica disse que adquiriu a capacidade de produzir combustível nuclear em escala industrial, em medida que a aproximou do desenvolvimento de armas atômicas se quisesse. Mas especialistas ocidentais manifestaram dúvidas em relação ao anúncio.

As centrífugas, dispositivos tubulares difíceis de serem calibrados, giram em velocidade supersônica para refinar o combustível para usinas de energia. Se o urânio for enriquecido em níveis mais altos, pode ser usado em explosivos nucleares.

"Um dia o Irã teve problemas para produzir uma centrífuga, mas hoje já obtivemos a tecnologia para produção em massa de centrífugas", disse Ali Akbar Velayati, assessor de assuntos internacionais do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, em entrevista ao jornal Jomohouri Eslami.

Autoridades iranianas já haviam dito que o país poderia produzir equipamentos necessários para a obtenção de combustível nuclear.

Mas esta é considerada a primeira vez que um assessor próximo de Khamenei, que tem a palavra final sobre o tema nuclear e outras políticas, confirma que o país pode produzir centrífugas em larga escala.

Os comentários de Velayati aparecem no momento em que seis potências mundiais - Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha - preparam-se para um encontro em Londres sobre o programa nuclear de Teerã.

O Irã repete que não abandonará seu programa nuclear, apesar dos dois conjuntos de sanções aprovados pela ONU desde dezembro, e Velayati indicou que se o país abrir mão, as potências farão outras exigências.

"Talvez amanhã tenham problemas com os números do nosso exército, ou da Guarda Revolucionária", disse.

O Irã pretende ter 3.000 centrífugas funcionando em sua principal usina de enriquecimento, em Natanz, até o final deste mês. Isso pode ser suficiente para refinar urânio para uma bomba dentro de um ano, caso os aparelhos operem por longos períodos.

Teerã disse em abril que instalou mais de 1.300 centrífugas e que começou a alimentá-las com urânio para enriquecimento, mas diplomatas disseram que a escala da atividade era de "teste" e que não chegava perto da capacidade industrial sobre a qual o presidente iraniano falou.

Autoridades das seis potências deverão debater em Londres as reuniões da semana passada entre o chefe de política exterior da União Européia, Javier Solana, e o negociador-chefe do Irã para temas nucleares, Ali Larijani, na Turquia.

Não houve resultado definitivo nos debates, que serão retomados neste mês, mas o tom das declarações foi de encontro construtivo.

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