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Abbas Araghchi, representante do Ministério de Relações Exteriores do Irã fala com jornalistas ao final da reunião do JCPOA, 28 de junho, em Viena, Áustria
Abbas Araghchi, representante do Ministério de Relações Exteriores do Irã fala com jornalistas ao final da reunião do JCPOA, 28 de junho, em Viena, Áustria| Foto: ALEX HALADA / AFP

O Irã reconheceu nesta sexta-feira, 28, que "progressos" foram feitos para auxiliar o país a superar o efeito do restabelecimento das sanções americanas, após a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015. Mesmo assim, os esforços feitos pelos remanescentes países da União Europeia no acordo ainda são "insuficientes" para que o Irã não quebre o pacto estabelecido anteriormente.

"Não acredito que o progresso que alcançamos hoje seja considerado suficiente para deter nosso processo, mas a decisão não é minha", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, após uma reunião com diplomatas das grandes potências europeias e aliados iranianos em Viena, na Áustria.

Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia forneceram mais detalhes sobre o sistema do Apoio à Troca Comercial (Instex, na sigla em inglês), mecanismo que vai permitir operações econômicas entre países europeus e o Irã, contornando as sanções dos EUA.

Segundo Araghchi, o Instex já está em operação. O problema é que países europeus ainda não voltaram a comprar o petróleo iraniano, principal produto de exportação do país atingido pelas sanções americanas. Além disso, o Instex ainda não comporta grandes operações, como a própria compra e venda de petróleo.

"Para que o Instex seja útil para o Irã, os europeus devem comprar petróleo ou considerar uma linha de crédito para este mecanismo. Caso contrário, não é o que esperávamos", comentou Araghchi.

Apesar de anunciar um novo encontro dos países entre ministros "para as próximas semanas", assinalando avanços nas negociações, o representante iraniano frisou que a decisão de aumentar o nível de enriquecimento de urânio e a quantia produzida "já foi tomada" por Teerã, e que o processo será mantido, "a menos que se cumpram as nossas expectativas". Araghchi também reforçou em depoimento à imprensa que tomadas de decisões são de responsabilidade do governo.

Ruptura

Teerã exige poder exportar seu petróleo para permanecer no acordo nuclear de 2015 e restabelecer o nível de venda anterior a maio de 2018, quando o presidente americano Donald Trump saiu do acordo.

Ao final da reunião nesta sexta, a China disse que continuará a importar petróleo iraniano, apesar da pressão americana. "Não aceitamos a chamada política 'zero' (importação de petróleo iraniano) dos Estados Unidos", disse à imprensa Fu Cong, diretor-geral de controle de armas do ministério das Relações Exteriores da China. "Nós rejeitamos a imposição unilateral de sanções", acrescentou.

Em meio a tensões entre os EUA e o Irã - uma crise que se agravou no último mês, após ataques iranianos a navios petroleiros no Estreito de Ormuz e a derrubada de um drone americano em solo iraniano, seguido por tentativas de hackear os sistemas de segurança iranianos feita pelos EUA - a intenção de quebrar o acordo nuclear feita pelo Irã é vista como delicada pelos diplomatas.

O acordo nuclear obriga Teerã a produzir no máximo 300 quilos de urânio, enriquecido a 3,67%, utilizado para geração de energia. No dia 17 de junho, o governo iraniano afirmou que dentro de um prazo de 10 dias - vencido na quinta-feira, 27 - estaria com um estoque maior do que o permitido.

O governo assinalou que se encontra a poucos quilos de superar o patamar, o que em todo caso deverá ser confirmado oficialmente pelos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Diplomatas que acompanham o trabalho dos inspetores da ONU afirmaram à Agência Reuters que os dados adquiridos por eles sugerem que o Irã ainda não havia ultrapassado o limite do estoque no prazo do dia 27, mas que alcançaria sua meta no fim de semana.

Outro prazo datado para o dia 7 de julho pelo Irã estabelece que a produção estará sendo feita a um nível de enriquecimento de urânio maior do que o estabelecido pelo acordo nuclear. O país pretende chegar ao patamar de 20%. Apesar de ainda ser inferior ao mínimo necessário para fins bélicos - acima de 90% - a intenção não deixa de ser uma ameaça aos EUA e à União Europeia. (Com agências internacionais)

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