Irã considera uma provocação as ameaças de Blair

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Mohamad Ali Hosseini, considerou nesta quarta-feira uma provocação as declarações do primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que ameaçou passar para uma "nova fase" se o Irã não libertar os militares britânicos capturados no Golfo Pérsico.

"Os militares britânicos entraram em águas iranianas ilegalmente e as investigações continuam. Este tipo de declaração não ajuda a resolver o problema", disse Hosseini citado pela agência oficial iraniana Irna.

Hosseini afirmou que os diplomatas britânicos poderão visitar os soldados detidos após os interrogatórios. Para ele, o caso será resolvido respeitando as normas internacionais.

- Os militares britânicos entraram ilegalmente nas águas territoriais da República Islâmica do Irã e estamos seguindo as normas legais e jurídicas aplicadas nestes casos - ressaltou.

Blair endureceu na terça-feira o tom com o Irã. Ele ameaçou passar para uma nova fase se a via diplomática não conseguir libertar os 15 militares de seu país detidos no dia 23.

- O que estamos tentando, por enquanto, é abordar o caso pelos canais diplomáticos e o Governo iraniano entender que não há justificação alguma para reter os britânicos. Se o Irã não se der conta de que tem que libertar o grupo, então passaremos a uma nova fase - disse Blair, sem revelar se estava se referindo a uma ação militar.

Pouco depois, o porta-voz oficial do primeiro-ministro esclareceu que Blair se referia a uma maneira diferente de abordar o conflito e a uma atitude "mais explícita" por parte do Executivo britânico.

Os oito marinheiros e sete membros da infantaria da Marinha, entre eles uma mulher, foram capturados em 23 de março pela força naval iraniana enquanto patrulhavam, aparentemente, águas iraquianas do Golfo Pérsico. O Irã acusa o grupo de invadir suas águas territoriais.

Enquanto isso, os Estados Unidos continuam as suas manobras militares iniciadas na terça-feira no Golfo Pérsico. São as maiores desde o início da Guerra do Iraque, com cerca de 10 mil militares, 100 aviões, 15 navios e dois porta-aviões, o USS John C. Stennis e o USS Dwight D. Eisenhower.