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O Irã disse nesta segunda-feira que pretende resolver diplomaticamente o caso dos 15 marinheiros britânicos presos no golfo Pérsico e que não há necessidade de julgá-los. A Grã-Bretanha respondeu dizendo que também quer conversas preliminares para resolver a crise, que dura 11 dias. O governo britânico afirma que seus militares estavam em águas iraquianas, cumprindo mandato da ONU de inspeção naval, enquanto o Irã alega que os marinheiros invadiram seu espaço marítimo.

- A questão pode ser resolvida e não há necessidade de julgamento algum - disse Ali Larijani, secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional à emissora britânica Channel 4.

- Deve haver uma delegação para rever o caso...para esclarecer se eles estavam ou não nas nossas águas territoriais. Por meio do sensacionalismo vocês não podem resolver a questão - disse ele em Teerã, por meio de um intérprete.

A Grã-Bretanha vem buscando apoio da ONU e da União Européia para isolar o Irã, estratégia que é duramente criticada pelos iranianos, já submetidos a sanções internacionais por causa do seu programa nuclear.

- Há uma diferença de opinião entre o governo do Reino Unido e o governo iraniano. A questão deve ser resolvida bilateralmente - disse Larijani. - Uma garantia deve ser dada de que tais violações não se repetirão.

A Grã-Bretanha também disse que quer resolver a crise através da diplomacia.

- Nós ainda estamos analisando os comentários do doutor Larijani. Ainda restam algumas diferenças entre nós, mas podemos confirmar que compartilhamos a sua preferência por discussões bilaterais preliminares para encontrar uma solução diplomática para esse problema - disse uma autoridade do Ministério do Exterior da Grã-Bretanha.

- Nós daremos sequência (às conversas) com as autoridades iranianas amanhã, dado o nosso desejo comum de fazer um progresso rápido.

Mudança de estratégia

A TV iraniana deu a entender que o tom mais amistoso de Teerã se deve a uma mudança na estratégia de Londres. - Parece que a Grã-Bretanha saiu um pouco da sua posição nos últimos um ou dois dias a respeito dos fatos inegáveis e (se afastou) de parte do seu clamor - disse um comentarista, falando sobre imagens dos militares presos.

Londres enviou uma carta a Teerã alertando sobre a responsabilidade de eventuais violações da fronteira, e não recebeu resposta. Ministros também foram mais comedidos em suas respostas durante o fim de semana, depois de duras críticas britânicas à exibição dos militares pela TV.

- Os iranianos conhecem nossa posição. Sabem que aparições televisivas conduzidas em estúdio não vão afetar essa posição - disse um porta-voz do premiê Tony Blair. - Estamos esperando pela resposta deles. Há muita coisa acontecendo nos bastidores.

Mais cedo, todos os 15 marinheiros britânicos capturados pelo Irã admitiram que entraram ilegalmente em águas iranianas, afirmou uma agência de notícias de Teerã, mas o país indicou que adotaria uma linha mais leve, afirmando que não exibirá as imagens das "confissões". No domingo, a TV estatal iraniana exibiu imagem de um militar apontando em um mapa o ponto em que o grupo foi capturado.

A agência de notícias Isna disse que a decisão de não exibir o filme, depois que outras imagens irritaram Londres durante a crise, teve como base o que a matéria disse ter sido uma mudança na "política barulhenta" do governo britânico.

Em resposta à notícia da Isna, um porta-voz do ministério do Exterior britânico disse: "Não acho que a posição tenha mudado - eles foram pegos em águas territoriais iraquianas e ainda estamos trabalhando para obter acesso consular e para os iranianos libertarem o grupo."

Os Estados Unidos reiteraram na segunda-feira seu apoio à Grã-Bretanha, mas a Casa Branca disse que não há interesse em ampliar a crise. Nesta segunda-feira o governo americano afirmou que um ex-agente do FBI está desaparecido há semanas no Irã .

- Rejeitamos qualquer sugestão de que estejamos endurecendo a linguagem em termos de nos preparar para ir à guerra com o Irã, certamente não é o caso - disse a porta-voz Dana Perino.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na segunda-feira a Teerã que modere sua retórica. Um novo vídeo divulgado na segunda-feira mostra alguns dos militares britânicos fardados e falando com a câmera, mas suas vozes estão inaudíveis.

No domingo, cerca de 200 manifestaram gritavam "morte à Grã-Bretanha" em frente à embaixada do país em Teerã e jogaram fogos de artifício contra o prédio, provocando barulho e nuvens de fumaça, mas sem deixar vítimas.

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