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O Irã está trabalhando em instalações militares secretas para desenvolver uma centrífuga que lhe permitiria produzir combustível para uma bomba atômica num prazo mais curto do que se imagina, afirmou na quinta-feira um grupo de oposição que vive no exílio.

O país pode sofrer sanções depois da apresentação de um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ao Conselho de Segurança, prevista para sexta-feira. O relatório deve denunciar Teerã por não cumprir a exigência do conselho de interromper o enriquecimento de urânio.

O Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI), grupo exilado que já fez outras denúncias sobre atividades nucleares do país no passado, disse que Teerã está estudando centrífugas P-2 em áreas secretas da usina de enriquecimento de Natanz e em Ab-e Ali, perto da capital.

O NCRI, que faz parte da lista de grupos terroristas elaborada pelos EUA, disse numa entrevista coletiva em Paris que as duas áreas têm ligações com o Ministério da Defesa do Irã. O país alega que seu programa nuclear tem apenas o objetivo de gerar energia nuclear, e que não está relacionado às Forças Armadas.

O Irã disse este mês que usou o modelo P-1 de centrífuga, mais antigo, em Natanz, para enriquecer urânio e produzir pela primeira vez combustível para usinas nucleares. O anúncio causou um furor na esfera diplomática.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad aumentou a preocupação do Ocidente ao dizer que o Irã está estudando as centrífugas P-2, capazes de purificar o urânio a uma velocidade duas ou três vezes maior que as centrífugas P-1.

"Eles precisam de meses, e não de anos, para produzir essas centrífugas", disse à Reuters em Paris Mohammad Mohaddessin, um dos líderes do NCRI. Ele afirmou que os testes com a P-2 ainda não começaram, e que Teerã está tentando ocultar as pesquisas da AIEA realizando-as em instalações militares e trocando o trabalho de lugar com frequência.

O NCRI revelou pela primeira vez que o Irã estava enriquecendo urânio em 2002, e afirmou na quinta-feira que suas fontes incluíam contatos em instalações militares e autoridades do governo. Como não era possível verificar a veracidade das acusações, a AIEA não fez comentários sobre o assunto.

Inspetores da agência estão monitorando as operações nucleares declaradas do Irã em Natanz, com as centrífugas P-1. Mas o país, em retaliação à submissão do caso ao Conselho de Segurança da ONU, cancelou as inspeções-supresa em locais não-declarados à agência.

O Irã também se recusou a responder perguntas sobre as suspeitas de pesquisas com centrífugas P-2. Se esse tipo de equipamento estiver em operação, os analistas terão de reavaliar as estimativas de que os iranianos ainda precisam de três a dez anos para conseguir construir uma bomba.

O NCRI também disse que o Irã pretende construir uma bomba "disparada a implosão," na qual explosivos convencionais são colocados em torno de combustível nuclear altamente enriquecido. O grupo não deu detalhes sobre esse tipo de bomba, que reduz a quantidade de matéria nuclear necessário e que pode ser transportada por um míssil balístico, segundo Mohaddessin.

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