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O Irã disse nesta segunda-feira que a ameaça americana de formar uma coalizão independente para impor sanções ao país foi um insulto à ONU. Segundo a edição de sábado do jornal "Los Angeles Times", o embaixador americano na ONU, John Bolton, teria afirmado que Washington pretende agir de forma independente com seus aliados caso a ONU não congele bens iranianos e restrinja o comércio do país.

- Os comentários [de Bolton] são um óbvio insulto ao Conselho de Segurança - disse o porta-voz do governo iraniano, Gholamhossein Elham, em sua aparição semanal aos jornalistas. - Esses comentários são apenas provocativos e infundados, e mostram que [os EUA] não têm competência para serem membros do Conselho de Segurança.

A ONU deu até 31 de agosto para que o Irã abandonasse suas atividades de enriquecimento de urânio, que segundo o Ocidente se destinam ao desenvolvimento de armas nucleares - algo que Teerã nega. A República Islâmica afirmou na semana passada que não abrirá mão das atividades nucleares como pré-condição para negociar com a comunidade internacional.

O Los Angeles Times disse que os EUA pretendem apresentar uma resolução à ONU com punições ao Irã logo depois de 31 de agosto.

- O caminho que tomamos é irreversível - disse o negociador-chefe do Irã para questões nucleares, Ali Larijani, à TV estatal. - O Irã pretende produzir o combustível nuclear que vai usar.

Analistas dizem que a ONU pode demorar em impor sanções devido à resistência de Rússia e China, que têm poder de veto e interesses comerciais no país.

Bolton disse na segunda-feira que se referiu à possibilidade "de que sanções sejam impostas fora do Conselho de Segurança, como os EUA unilateralmente já impõem sanções ao Irã, e outros países podem fazer o mesmo".

- Por isso, a questão de o que fazer com o Irã certamente não está confinada ao Conselho de Segurança - acrescentou.

Os EUA mantêm uma restrição comercial quase total ao Irã desde 1987, e alguns analistas dizem que Washington pode acabar revelando a falta de apoio a tais medidas caso busque uma coalizão para impor sanções extra-ONU.

- O Irã apontaria para isso como um sinal da atitude inerentemente hostil de Washington e argumentaria que os EUA estão fora de sincronia com o resto da comunidade internacional. A União Européia pode ver isso como uma inclinação dos EUA por políticas que sabidamente não funcionam - disse o escritor e pesquisador iraniano Trita Parisi, radicado nos EUA.

Tal coalizão contra o Irã provavelmente teria a adesão de Grã-Bretanha, Austrália e alguns países do Leste Europeu, mas não necessariamente da Alemanha, da Itália ou do Japão, que dependem do petróleo iraniano e têm interesses comerciais no país.

Em viagem à Eslovênia, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), Mohamed El Baradei, disse torcer para que haja espaço para negociações nos próximos dias e semanas na busca de uma solução que evitem sanções.

- Ainda acho que a única solução durável é política e diplomática - declarou.

Segundo diplomatas, ele teme que as sanções levem o Irã a expulsar os inspetores da AIEA e a abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

O Irã minimiza a ameaça das sanções, por entender que elas fariam o preço do petróleo disparar e acabariam prejudicando mais os países industrializados do que a República Islâmica.

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