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Em reunião com embaixadores de 27 países da União Europeia (UE) em Jerusalém, o assessor israelense para a Segurança Nacional, Yaakov Amidor, disse que seu país estaria disposto a atacar mísseis russos em território sírio para garantir que os armamentos não sejam operativos, segundo fontes do jornal El Mundo. De acordo com o diário, diplomatas disseram - sob condição de anonimato - que Amidor expôs de forma clara sua preocupação de que os armamentos cheguem nas mãos do Hezbollah ou de forças iranianas.

"Pelo que escutamos na reunião, isso não é um blefe. Israel está falando sério", contaram as fontes ao El Mundo. "Amidor nos falou sobre a linha vermelha de Israel. Sua meta é evitar o envio de aramas da Síria para o Irã e para o Hezbollah. Sobre os mísseis S-300, ele foi muito claro e assegurou que Israel evitará como for possível que estas armas sejam operativas na Síria", acrescentaram os diplomatas ao jornal espanhol.

Na opinião das fontes, a advertência de Amidor não representa um ataque iminente. Uma vez que o armamento esteja na Síria, militares de Assad precisariam de ao menos quatro meses de instruções para poderem utilizá-los. No entanto, o assessor israelense teria reforçado que os mísseis russos chegaram cedo no território sírio, em uma transferência que não tem nada a ver com Israel, mas sim com uma disputa entre Rússia e EUA pela resolução da crise.

A primeira remessa de mísseis S-300 da Rússia já estaria sob o controle de forças sírias, anunciou nesta quinta-feira o próprio ditador Bashar al-Assad em entrevista a uma TV libanesa. A íntegra de suas declarações será exibida durante a noite pelo canal al-Manar, mas a emissora disponibilizou alguns trechos em sua página na internet. O envio das armas havia sido anunciado pelo governo de Vladimir Putin esta semana, mas a chegada da encomenda era esperada para depois da convenção de Genebra 2, que tentará encontrar uma solução diplomática para o conflito.

"A Síria já recebeu a primeira remessa de mísseis antiaéreos S-300", assegura Assad. "O resto chegará logo".

O ditador também confirmou que seu governo vai participar da cúpula de Genebra 2, que será realizada em junho. Ele acrescentou que não tem fé no encontro, que inclui a participação dos Estados Unidos e da Rússia, que afirma que o envio das armas para Assad tem como objetivo impedir uma intervenção externa no conflito e que elas serviriam como um escudo antimísseis para o país.

Já Israel não considera o armamento meramente defensivo. O país temem que mísseis com um alcance de mais de 200 quilômetros possam atingir seu território, principalmente se estiverem nas mãos do grupo libanês Hezbollah. Enquanto isso, autoridades apuram se as declarações de Assad foram verdadeiras, pois a Rússia ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Nesta semana, a União Europeia (UE) deu fim ao embargo de vendas de armas para a oposição, o que pode tornar o conflito ainda mais letal. Enquanto isso, autoridades de Israel - estado vizinho à Síria - têm constantemente alertado que não irão admitir que armamentos de alto poder de destruição se tornem operativos, aumentando mais ainda as tensões na região.

Em ao menos três episódios este ano, forças israelenses atacaram alvos militares dentro da Síria para destruir armas que seriam enviadas ao grupo libanês Hezbollah, segundo fontes da inteligência dos EUA. A entrada do militantes xiitas no conflito interno sírio deu uma significante vantagem ao governo de Assad, levantando temores em Israel, que considera o Hezbollah como uma organização terrorista.

Na quarta-feira (29), o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Moallem, disse que o país está preparado para responder imediatamente se Israel voltar a bombardear seu território. Em uma entrevista à outra televisão libanesa, a al-Mayadin, Moallem acrescentou que Assad tem a intenção de permanecer no cargo até 2014, ano em que está prevista a realização de eleições no país e no qual ele deve se apresentar como candidato.

O conflito interno na Síria, que começou em março de 2011, já deixou mais de 80 mil mortos e fez com que mais de 1,5 milhões de pessoas fugissem do país, especialmente para o Líbano e para a Jordânia.

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