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Foz do Iguaçu - A Itaipu Binacional recebeu com "naturalidade" o apoio declarado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra à posição do governo do Paraguai de renegociar o preço da tarifa da energia de Itaipu e rever a dívida de Assunção com o Brasil. Apesar de considerar as instâncias diplomáticas o foro adequado para debater o tema, a usina garante que responderá aos questionamentos feitos formalmente pela organização social brasileira.

A polêmica surgiu ontem com as declarações de Roberto Baggio, integrante da coordenação nacional do MST, favoráveis à renegociação do Tratado de Itaipu, firmado em 1973. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o dirigente afirmou que a "Eletrobras paga uma bagatela" pela energia comprada do país vizinho. Segundo ele, quem ganha "são grandes grupos econômicos, estrangeiros, que compram barato essa energia para ter lucro.

A avaliação na fronteira é que, na falta de argumentos técnicos e jurídicos, o governo paraguaio estaria levando o debate para o campo ideológico e buscando apoio de brasileiros para pressionar a revisão do acordo.

A Binacional tem centralizado a discussão no patamar institucional entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo, em especial através dos órgãos diplomáticos e dos conselhos administrativos de cada país.

A posição institucional da hidrelétrica segue a reação do Palácio do Planalto. O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, minimizou o caso e disse desconhecer que Assunção esteja tenha incentivado manifestações dos sem-terra. "Vivemos em um país democrático e qualquer partido político ou qualquer movimento social pode defender suas posições à vontade e estas manifestações são legítimas", disse à Agência Estado.

Essa aparente tranquilidade, entretanto, contraria o anúncio de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria sido chamada para monitorar a relação entre Fernando Lugo e os dirigentes do movimento social brasileiro. No site do MST, Roberto Baggio deixou bem claro sua posição. O dirigente afirma que "nada é mais é mais nacionalista do que defender a soberania de um povo sobre os seus recursos naturais. Defendemos a soberania do nosso país e de todos os países. Somos contra o imperialismo dos Estados Unidos sobre o Brasil e do Brasil sobre qualquer país da América do Sul".

A reportagem tentou entrevistar Baggio durante todo o dia de ontem, mas não obteve retorno dos telefonemas. A coordenação nacional evitou repercutir as declarações do dirigente.

De acordo com o Estadão, o MST está distribuindo entre acampados e assentados material com informações sobre a polêmica, chamando a atenção de seus militantes para os direitos do país vizinho. A Abin deve acompanhar a politização do debate porque o assunto pode ser uma das bandeiras a ser levantada durante as ações do aniversário de 25 anos do MST, agora em janeiro.

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