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O primeiro-ministro Shinzo Abe | Toru Yamanaka /AFP
O primeiro-ministro Shinzo Abe| Foto: Toru Yamanaka /AFP

As pesquisas de boca de urna indicam que os eleitores japoneses votaram em peso nos parlamentares da coalizão do Partido Liberal Democrata (LDP) do primeiro-ministro Shinzo Abe, nas eleições nacionais. A imprensa japonesa divulgou as projeções de resultado logo após as pesquisas se encerrarem, às 20h do domingo, no horário local. Os resultados oficiais devem sair nesta segunda-feira (23)

Uma vitória do LDP aumenta as chances de que Abe, no cargo desde dezembro de 2012, tenha mais um mandato, o terceiro, como líder do LDP em setembro e se torne o primeiro-ministro mais tempo no cargo na história do Japão.

Abe dissolveu a Câmara Baixa há menos de um mês. Ele acreditou que o momento era oportuno para o seu governo liberal ou que pelo menos era melhor do que esperar até o final do seu mandato no ano que vem. O cenário era francamente favorável para que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, reafirmasse seu poder. Conjugava recuperação lenta, porém constante da economia do país com apoio sólido da população ao premiê. Para coroar, a oposição estava às voltas com atritos internos e denúncias de corrupção.

Abe resolveu aproveitar a boa fase para convocar eleições antecipadas, mas não contava com o anúncio, pela também popular governadora de Tóquio, Yuriko Koike, da criação de um partido oposicionista.

Há pouco mais de quatro anos, Abe lançou um pacote de medidas que prometia impulsionar a produtividade do país e revigorar a economia, que lutava contra a estagnação e a deflação.

O plano, informalmente batizado de “Abenomics”, apoiava-se em uma trinca de eixos: incentivos monetários, política fiscal e mudanças estruturais.

“O ‘Abenomics’ obteve algum sucesso: elevou preços das ações, depreciou o iene e gerou lucros corporativos maiores”, atesta Sayuri Shirai, professora da Universidade Keio, ex-membro do conselho político do Banco do Japão e autora de diversos livros econômicos e políticos sobre o Japão e a Ásia.

PIB em alta

O país tem hoje uma taxa de desemprego inferior a 3% (a menor em 23 anos), e os salários melhoraram. Segundo estatísticas oficiais, o PIB cresceu 1,2% no último trimestre de 2016 -o índice superou as estimativas.

Foi o sexto trimestre consecutivo de crescimento, sequência que o país não engatava havia dez anos. Em outro sinal animador, o PIB nominal do Japão totalizou 537 trilhões de ienes (R$ 19,3 trilhões) em 2016, o maior em 19 anos.

Entretanto, pondera Shirai, o “boom” deve muito à recuperação econômica global e às atividades do setor público e privado ligadas à Olimpíada de 2020, em Tóquio.

A expectativa para 2019 é de queda. “Abe precisa atacar questões desafiadoras, mas importantes, que elevariam o potencial de recuperação do Japão”, diz Shirai.

Entre os principais pontos estão a escassez acentuada de mão de obra e a reforma da Previdência local.

Outro desafio para Abe é o prometido aumento do imposto sobre consumo, em outubro de 2019 - medida já adiada duas vezes.

Imposto da educação

Recentemente, Abe anunciou que usará o dinheiro arrecadado com o tributo para investir em educação e bem-estar social, e não mais para pagar a dívida pública, a maior entre os países industrializados (e que atualmente passa dos 200%).

“Abe fez isso para ganhar popularidade, já que os japoneses têm forte resistência ao aumento do imposto sobre consumo”, analisa Shirai, para quem a dívida não levará o país ao colapso, já que as taxas de juros de longo prazo são baixas.

“Mas é importante que o governo apresente um plano plausível de consolidação quando a economia se estabilizar”, alerta a professora. Em outras palavras, o ‘Abenomics’ precisa decolar.

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