João Paulo II: caminho aberto para a canonização| Foto: Alessandro Bianchi/Efe

Opinião

Para João Paulo II, só faltava o reconhecimento formal; agora não mais

A voz das ruas foi ouvida – não em Brasília, mas em Roma. Em abril de 2005, a multidão gritava santo subito na Praça de São Pedro, nos funerais de João Paulo II. Dias depois, Joseph Ratzinger, o fiel escudeiro do papa polonês, era eleito para o pontificado. As regras da Igreja dizem que é preciso esperar cinco anos entre a morte e o início do processo de beatificação, mas Bento XVI, em uma de suas primeiras medidas como papa, aboliu esse prazo no caso do seu antecessor, exceção que o próprio João Paulo II já havia aberto no caso da Madre Teresa de Calcutá.

Os trâmites canônicos foram seguidos à risca, mas é impossível não evocar o tempo em que se faziam santos pela aclamação popular. Os fiéis que pediam santo subito na Praça de São Pedro são herdeiros dos cristãos medievais que veneravam seus santos antes mesmo do reconhecimento oficial de Roma. O povo católico sabe reconhecer um autêntico santo quando se depara com um deles. E João Paulo II – o papa que derrotou o império comunista soviético, o papa que correu o mundo levando a mensagem cristã, o papa que amava os jovens e criou, para eles, uma tradição que o papa Francisco continuará neste mês, no Rio de Janeiro – está nesse grupo. Só faltava o reconhecimento formal; agora não falta mais.

Marcio Antonio Campos, editor de Opinião e blogueiro de ciência e religião da Gazeta do Povo.

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O papa João Paulo II, morto em 2005, teve seu segundo milagre reconhecido ontem pelo Vaticano, numa decisão que abre caminho para a sua canonização.

O pontífice, que comandou a Igreja de 1979 até a sua morte, é apontado como o responsável pela cura de uma italiana que sofria de câncer. Segundo a Igreja, ela se curou em 1.º de maio de 2011, mesma data da beatificação de João Paulo II, de maneira inexplicável para a ciência.

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O outro milagre – que levou à sua beatificação – foi a cura da freira francesa Marie Simon Pierre, que sofria de mal de Parkinson.

Agora só resta ao papa Francisco promulgar o decreto pelo qual reconhece o milagre. A data da cerimônia de canonização será fixada pelo pontífice em um conselho de cardeais.

O Vaticano cogitou realizar o ritual em 16 de outubro, data que marca os 35 anos do início do papado de João Paulo II – mas é pouco provável que haja tempo suficiente até lá para os preparativos.

A expectativa, agora, é de que ele seja canonizado em dezembro, junto com o antecessor João XXIII (1958-1963).

Para que uma pessoa se torne santa, é necessário que sejam atribuídos a ela ao menos dois milagres, sendo um deles já após a sua beatificação.

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A comprovação do milagre é feita em duas etapas: uma na diocese onde teria ocorrido a cura – em que é preciso, inclusive, um laudo médico – e, por último, no Vaticano, pela Congregação para a Causa dos Santos.