• Carregando...
Cristina persegue jornais opositores e tenta tomar fabricante de papel | Evaristo Sa/AFP
Cristina persegue jornais opositores e tenta tomar fabricante de papel| Foto: Evaristo Sa/AFP

Malvinas

Uruguai barra navio inglês e Cristina agradece

Agência Estado

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, agradeceu a recente atitude de seu congênere uruguaio, José Mujica, que impediu a entrada de uma fragata da Marinha da Grã-Bretanha no porto de Montevidéu, onde o barco se reabasteceria antes de ir para as Ilhas Malvinas (Falkland). A fragata Hms Gloucester D-96 pediu às autoridades uruguaias permissão para atracar em Montevidéu e se reabastecer de combustível e víveres, mas o governo negou o pedido. O caso ocorreu há mais de uma semana.

"Em nome de todos os argentinos, quero agradecer o gesto imenso que você teve em impedir que um navio de guerra britânico pudesse se reabastecer nos portos uruguaios", disse Cristina em vídeo postado ontem no site da agência estatal de notícias Télam.

O governo argentino havia solicitado aos países vizinhos que não dessem apoio a navios britânicos que navegam para as Ilhas Malvinas, epicentro da guerra de 1982 entre Argentina e Grã-Bretanha.

Buenos Aires - O Clarín e o La Nación, os dois jornais diários de maior circulação na Argentina, qualificaram de "aberração moral e jurídica" a denúncia apresentada pelo governo argentino na Justiça contra di­­retores dos dois grupos de mídia, acusados de cumplicidade com a ditadura militar (1976-1983) para comprarem na época a Papel Pren­­­­sa, única produtora de papel para jornal no país.

A Secretaria de Direitos Huma­­nos do governo argentino apresentou a queixa e pediu a um juiz federal "que seja investigada exaus­­tivamente a apropriação ilícita, por parte do Clarín, La Nación e La Razón, da empresa Papel Pren­­sa SA, que foi cometida através dos delitos de associação ilícita qualificada, extorsão, privação ilegal de liberdade e torturas, to­­das es­­sas condutas constitutivas de crimes contra os direitos humanos", consta na denúncia.

"Pretender vincular a aquisição da empresa a crimes contra os direitos humanos é uma aberração moral e jurídica carente de qualquer sustentação factível", afirmaram Clarín e La Nación em comunicado publicado ontem em ambos os diários.

A Papel Prensa pertencia ao banqueiro David Graiver. A em­­presa foi vendida a Clarín, Lá Na­­ción e também ao jornal La Razón em novembro de 1976, meses após o golpe militar de 1976 e também após a morte de Graiver num suspeito acidente aéreo no México. O jornal La Razón faliu em 2000.

O documento de acusação do governo, de 191 páginas, acusa Héctor Magnetto, um diretor do Clarín, de ameaçar matar Lidia Papaleo, em 1976, se a família Graiver não vendesse o controle da Papel Prensa. Lidia Papaleo era esposa de David Graiver.

Segundo denunciou o governo argentino, que mantém um áspera disputa com o Clarín há dois anos, a viúva de Graiver e outros familiares "atuaram sob ameaças" ao ceder as ações da Papel Pren­­sa aos três jornais diários.

Responsabilidade

A denúncia responsabiliza os ex-ditadores Jorge Rafael Videla e Emílio Eduardo Massera; o ex-mi­­nistro da Economia da ditadura, José Alfredo Martínez de Hoz; a proprietária do Clarín, Ernestina Herrera de Noble; o principal colaborador de Ernestina, Héctor Magnetto; e Bartolomé Luis Mitre, proprietário do La Nación, entre outros."Nós suspeitamos que es­­sas pes­­soas estiveram envolvidas na compra ilegal da Papel Prensa, en­­tão pedimos a elas que testemunhem", disse Florencia Stero, porta-voz da Secretaria.

Segundo ela, após a Papel Pren­­sa ter sido vendida, o governo mi­­litar se­­questrou e torturou Lidia Papaleo na cidade de La Plata em 1977. "O governo segue insistindo em mentir, reescrever a história e manipular os direitos humanos como ferramenta de perseguição e represália", se defenderam os dois diários.

Segundo a denúncia apresentada na noite de terça-feira, ante o juiz federal Arnaldo Corazza, que tem a seu cargo várias ações de de­­litos cometidos durante o regime militar na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Ai­­res, os Graiver não tiveram acesso ao preço nem às condições da operação de venda da Papel Pren­­sa e fo­­ram obrigados a assinar a venda.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]