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Depois de confirmar presença na Comissão de Relações Exteriores do Senado para falar sobre a espionagem dos Estados Unidos no Brasil, o jornalista americano Glenn Greenwald, colunista do jornal inglês "The Guardian", cancelou a audiência. Em ofício encaminhado hoje à comissão, o jornalista disse que está com agenda ocupada e não poderá atender ao chamado dos congressistas.

Greenwald havia confirmado presença na sexta-feira. O jornalista prometeu, no ofício, aceitar o convite dos congressistas em uma "data oportuna". Ele foi o primeiro a divulgar os dados vazados por Edward Snowden -ex-técnico que trabalhou na CIA e revelou ao jornalista o monitoramento de milhões de telefones e de dados de usuários de internet em todo o mundo.

Presidente da comissão, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) se reuniu hoje com o embaixador do Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon. O norte-americano disse, na conversa, que espera autorização do governo do país para depor no Senado sobre os casos de espionagem.

Segundo Ferraço, Shannon estaria disposto a falar aos congressistas porque vê nisso uma "oportunidade" para explicar as denúncias de que seu país espionou milhares de telefonemas e emails no Brasil. Se aceitar o convite, o senador disse que a sessão pode ocorrer de forma reservada, como previsto pelo regimento do Senado.

Apesar da conversa, a reportagem apurou que Shannon recusou o convite da comissão para falar no Congresso porque considera que as denúncias feitas por Edward Snowden contra o seu país foram tiradas do contexto, contém erros factuais e ganharam conotação "espetaculosa".

Ele já enviou mensagem prévia a Ferraço, por escrito, justificando que não iria depor porque o governo dos EUA já vem prestando esclarecimentos ao governo brasileiro por diferentes canais e ainda não concluiu a análise de todas as denúncias.

"Não houve negação, mas ele disse que a presença dele no Senado só é possível se Washington autorizar. Qualquer embaixador goza de imunidade diplomática, ele não é obrigado a vir, mas a vinda nos ajudaria a esclarecer esses fatos", afirmou Ferraço.O presidente da comissão foi à Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, entregar o convite da comissão para Shannon depor.

Ferraço disse que, na conversa, o embaixador confirmou que os EUA realizaram interceptações de telefones e emails no limite dos chamados "meta-dados" -em que o país controla apenas o tráfego das informações, mas não o seu conteúdo.

Shannon também disse a Ferraço que o governo norte-americano intensificou as ações de controle de informações após os atentados de 11 de setembro de 2001, por isso usa como justificativa as ações anti-terroristas para a realização da "espionagem".

"Eles estão se escudando na política anti-terrorismo para interceptar as nossas comunicações. Ainda que crime, eu tive a impressão de que essa interceptação de dados não aconteceu aqui no Brasil, mas em território americano, o que pode ter ocorrido com autorização judicial do país", afirmou Ferraço.

Na conversa, Shannon não confirmou se os EUA instalou agências de inteligência no Brasil para executar o controle das informações.

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