José Adolfo Macias, líder do grupo criminoso Los Choneros, do Equador| Foto: Reprodução/Forças Armadas do Equador
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Nesta semana, o Equador declarou estado de emergência após o desaparecimento de um dos "maiores criminosos do país" de um presídio. O episódio deu origem a uma crise nacional na segurança pública, com diversos registros de ataques orquestrados por organizações criminosas, explosões de veículos e sequestro de policiais.

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O nome por trás do caos instaurado é José Adolfo Macías, de 44 anos, também conhecido como "Fito". Ele é um dos únicos fundadores vivos da facção criminosa Los Choneros, que possui vínculos com o cartel de Sinaloa, no México.

Fito, que já escapou da prisão em outra ocasião, cumpria pena de 34 anos por envolvimento com o crime organizado, narcotráfico e homicídio. Desde 2011, estava detido em um presídio no litoral equatoriano, na cidade de Guayaquil, onde oito pessoas morreram nos últimos dois dias em meio aos distúrbios. Desde sua nova fuga, confirmada pelas autoridades, ocorreram motins em pelo menos seis penitenciárias, com vários relatos de guardas feitos reféns.

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Ele se tornou o principal líder do Los Choneros por volta de 2020, após a morte de Júnior Roldán, maior referência da facção até então, dado como morto na Colômbia. Desde o ocorrido, Fito liderava as atividades da gangue a partir de sua cela em Guayaquil, complexo que abriga cerca de 12 mil presidiários.

De acordo com a imprensa local, o criminoso "desapareceu" dias antes de sua transferência para uma prisão de segurança máxima, o que, segundo especialistas penitenciários consultados pelo jornal americano The New York Times, pode ter motivado sua fuga e as revoltas nas prisões.

O líder da Los Choneros nasceu em Manta, na província equatoriana de Manabí, conhecida por ser um território estratégico para o tráfico de drogas no país e o berço da facção criminosa.

O jornal equatoriano Primícias afirma que o faccionado se formou em direito na prisão de Guayaquil e em maio de 2023 teve seu patrimônio avaliado em mais de US$ 23 milhões (R$ 112 milhões).

Um dos presos que conviveu com Macías em uma das prisões pelas quais ele passou afirma que o líder da gangue construiu piscinas em espaços dos pavilhões destinados ao lazer dos detidos, organizava festas, gravava vídeos, concedia coletivas de imprensa e usava drones armados dentro do centro prisional.

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A quadrilha também é acusada de manter um forte esquema de extorsão contra o restante dos presos nas penitenciárias que controlam no Equador. "Os prisioneiros não têm escolha, têm que ser cúmplices. Eles nos ameaçam e ameaçam nossas famílias. Los Choneros cobram uma 'mensalidade' dos presos, sem contar as coisas que eles nos obrigam a comprar", disse a fonte ao jornal, sob a condição de anonimato.

Especialistas em segurança afirmam que um quarto das 36 prisões do país são controladas por diferentes gangues, sendo as principais a Los Choneros e Los Lobos.

A organização criminosa liderada por Fito também foi responsável, segundo as forças de segurança equatorianas, pela onda de violência que culminou no assassinato do candidato de direita à presidência do Equador Fernando Villavicencio, que disse ter sofrido ameaças do grupo.

O presidente empossado neste ano, Daniel Noboa, afirmou após os distúrbios que seu governo irá retomar o controle das prisões, que se tornaram quartéis das gangues e centros de recrutamento.

Nos últimos anos, a violência ganhou enormes proporções no Equador à medida que o crime organizado disputa rotas lucrativas de tráfico de drogas com destino os Estados Unidos e a Europa. ​

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Outro importante criminoso foragido

O Serviço Nacional de Atendimento Integral a Pessoas Adultas Privadas de Liberdade (SNAI), entidade prisional do país, também confirmou nesta terça-feira (9) a fuga de outro criminoso: Fabricio Colón Pico, que tinha sido preso após a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar, ter denunciado um suposto plano de atentado contra ela.

O SNAI indicou em um comunicado que durante a madrugada ocorreram “eventos violentos entre pessoas privadas de liberdade, Polícia Nacional e funcionários penitenciários”.

A fuga de Colón Pico ocorreu enquanto vigorava o estado de exceção, com toque de recolher noturno, decretado pelo presidente Daniel Noboa, em um momento em que ocorriam distúrbios em cerca de seis prisões do país.

Colón Pico foi preso na semana passada em uma operação realizada pelo Ministério Público e pela polícia no norte de Quito, como parte de uma investigação pelo suposto crime de sequestro ocorrido nos últimos meses. Na operação de sua captura, foram encontrados três veículos de alto padrão - um blindado -, dinheiro em espécie e munições.

A procuradora-geral identificou Colón Pico, conhecido pelo pseudônimo de "Capitán Pico" e ligado ao grupo criminoso Los Lobos, como o responsável por um suposto plano para assassiná-la.

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Pelo menos 10 pessoas morreram até agora na onda de violência sem precedentes desencadeada por organizações criminosas no Equador, segundo informou nesta quarta-feira (10) a imprensa local. As duas últimas mortes relatadas nos ataques registrados nesta terça-feira (9) são dois policiais “vilmente assassinados por criminosos armados” em Nobol, afirmou a Polícia Nacional.

Segundo os responsáveis pelas investigações da atual crise, 70 pessoas já foram presas, três agentes feitos reféns foram libertados e 17 fugitivos recapturados, além de terem sido apreendidas armas, munições, explosivos e veículos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]