Uma das poucas adolescentes que conseguiu fugir de integrantes do grupo extremista Boko Haram, há quase um mês, disse neste domingo (11) que tem medo de voltar à escola. Sarah Lawan, de 19 anos, revelou como o rapto na aldeia de Chibok, no Nordeste do país, foi aterrador e afirmou que mais jovens poderiam ter escapado, mas temeram ser atingidas por tiros. Em Abuja, dezenas de católicos nigerianos participaram de uma missa em homenagem às vítimas.

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"Não posso expressar com palavras o quanto foi aterrador. Me dói saber que minhas amigas não se atreveram a escapar comigo", disse em uma entrevista por telefone à agência Associated Press. "Agora choro cada vez que cruzo com seus pais e vejo que eles também choram quando me veem."

Mais cedo, um importante grupo nigeriano de direitos humanos instou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a impor sanções ao grupo terrorista e afirmou que as críticas e condenações não são suficientes.

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Um dia depois do apoio público da primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, foi a vez do premier britânico, David Cameron, aderir à campanha pelas buscas das jovens. Em entrevista à BBC, Cameron disse que o país fará tudo o que for possível para ajudar o governo a encontrar as nigerianas.

"Acho improvável que peçam ajuda das tropas britânicas, mas nossas forças especiais já trabalharam com o governo nigeriano no passado em outros sequestros. Disse ao presidente [Goodluck] Jonathan que, se precisar de algo, por favor peça ajuda e veremos o que podemos fazer."

No sábado (10), Michelle Obama destacou a "indignação" que ela e o presidente Barack Obama sentem pelo sequestro das estudantes pelo Boko Haram.

"Barack e eu vemos nelas as nossas filhas. Vemos as suas esperanças, os seus sonhos e só podemos pensar na angústia que os pais podem sentir neste momento. Este ato irresponsável foi cometido por um grupo terrorista determinado a impedir que estas jovens recebam uma educação."

No fim do programa, o jornalista da CNN Christiane Amanpour ofereceu a Cameron um cartaz com campanha #BringBackOurGirls.

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Ajuda internacional

O presidente da Nigéria recusou ajuda internacional durante semanas para procurar as jovens, numa série de erros que levaram à crescente indignação contra o governo. O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido revelou no sábado (10) que ofereceu cooperação nas buscas logo no dia seguinte ao rapto. Os EUA também disseram que mostraram disposição a ajudar "desde o primeiro dia" da crise, de acordo com o secretário de Estado, John Kerry. Apenas na semana passada, porém, a Nigéria aceitou colaboração internacional, liderada atualmente por EUA, Reino Unido, França e China.

No sábado (10), o Exército da Nigéria colocou duas divisões para procurar pelas estudantes sequestradas pelos rebeldes islâmicos. Os soldados estão na região de fronteira perto de Chad, Camarões e Níger, para trabalhar com outras agências de segurança, de acordo com o general Chris Olukolade, porta-voz da sede da Defesa.

"O maior desafio é que parte da informação recebida foi equivocada. Mas isso não vai desencorajar os esforços de colaboração, disse Olukolade em comunicado.

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