A Justiça portuguesa impôs prisão domiciliar ao ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, segundo confirmou na madrugada deste sábado seu advogado, Francisco Proença de Carvalho.
Salgado prestou depoimento ontem perante o juiz durante cerca de 12 horas no marco da investigação iniciada pelas autoridades portuguesas sobre os motivos e circunstâncias que rodearam a queda do Grupo Espírito Santo, proprietário do BES, em 2014.
As autoridades suspeitam que na origem da derrocada deste império familiar - um dos maiores de Portugal e com participações em diferentes setores - existem irregularidades legais que podem constituir um crime.
De fato, em setembro do ano passado, a procuradoria de Portugal confirmou a criação de uma “equipe de agentes do Departamento Central de Investigação e Ação Penal” dedicada exclusivamente a esclarecer “os processos relacionados com o universo dos Espírito Santo” depois que pessoas que se consideram prejudicadas pela queda deste conglomerado empresarial apresentaram uma denúncia.
“No âmbito destas investigações foram constituídas como suspeitos seis pessoas pela prática de crimes de falsificação, falsificação informática, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no setor privado e lavagem de capitais”, detalha o comunicado enviado ontem pelo Ministério Público.
O advogado que representa Ricardo Salgado já anunciou que recorrerá das medidas de coação impostas pelo magistrado a seu cliente, entre elas a prisão domiciliar, que qualificou de “desproporcional”.
O antigo banqueiro - considerado até poucos meses atrás um dos homens com mais poder e influência de Portugal - não estará monitorado com uma pulseira eletrônica, mas precisará de uma permissão do juiz toda que vez que desejar sair de casa.
O desmoronamento do Grupo Espírito Santo começou a ser visível no ano passado e acabou por afetar o banco do império familiar, que naquele momento era a segunda maior entidade em volume de ativos de Portugal.
O BES foi intervindo em agosto de 2014 pelo Banco de Portugal depois que foram registradas perdas multimilionárias após uma análise exaustiva de suas contas que revelou operações de alto risco desconhecidas até o momento.
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