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Um caso de violência policial

7 de julho de 2005Quatro jovens britânicos muçulmanos realizam ataques suicidas em três estações de metrô e um ônibus em Londres, matando 52 pessoas.

21 de julho de 2005Tentativa de realizar novos atentados à bomba no sistema de transporte público londrino fracassa; polícia lança megaoperação de busca dos quatro supostos terroristas foragidos.

22 de julho de 2005Jean Charles é morto pela polícia na estação de metrô de Stockwell com sete tiros na cabeça, ao ser confundido com um terrorista que teria participado dos atentados frustrados da véspera.

23 de julho de 2005A polícia admite que Jean Charles é inocente; Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC) anuncia investigação.

24 de julho de 2005O comissário da polícia, Ian Blair, pede desculpas e diz que aceita responsabilidade pelo caso, mas defende política de "atirar para matar".

16 de agosto de 2005Imagens do circuito interno do metrô que desmentem versão de que Jean Charles agiu de maneira suspeita, não atendeu a pedidos de parar e vestia uma jaqueta volumosa em pleno verão.

17 de agosto de 2005Procuradoria britânica diz que os oficiais envolvidos na operação não serão indiciados criminalmente.

dezembro de 2006Ian Blair é inocentado da acusação de má conduta.

fevereiro de 2007A policial que dirigiu a operação que culminou na morte de Jean Charles é promovida.

maio de 2007IPCC decide que não vai haver punição para 11 policiais envolvidos no caso.

1.º de novembro de 2007Justiça considera a polícia britânica culpada de colocar a segurança pública em risco no caso, mas exime de responsabilidade pessoal a chefe da operação e sua equipe.

Londres – A Scotland Yard, a polícia britânica, foi considerada culpada ontem por colocar os cidadãos londrinos em risco quando matou o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um homem-bomba e assassinado com sete tiros na cabeça por policiais dentro da estação de metrô Stockwell, em Londres, em julho de 2005.

A polícia deverá pagar uma multa de US$ 360 mil e os custos judiciais do processo, cerca de US$ 775 mil. No entanto, os advogados da Scotland Yard já anunciaram que irão recorrer da decisão.

Caso seja condenada em última instância, o dinheiro, porém, não seria destinado à família de Jean Charles, mas voltaria aos cofres britânicos. O destino da multa tem sido alvo de críticas de parte da opinião pública britânica, que não vê sentido em obrigar a polícia, financiada com recursos do contribuinte, a pagar multas de volta para o Tesouro.

Jean Charles foi assassinado por engano em 22 de julho de 2005 por agentes da Scotland Yard dentro de um trem de metrô depois de ser confundido com o terrorista etíope Hussein Osman, acusado de participação nos ataques frustrados contra o sistema de transporte londrino, no dia anterior.

Durante o julgamento, que começou no dia 1.º de outubro, a acusação listou 19 falhas cruciais da polícia e afirmou que a Scotland Yard cometeu uma série de "erros catastróficos" que levaram à morte do brasileiro. A polícia ainda foi acusada de modificar fotos de Jean Charles para torná-lo mais parecido com o terrorista etíope.

Os promotores afirmaram que a polícia cometeu um crime ao pôr o público em perigo. Primeiro por permitir que um homem, que acreditavam ser um suicida, embarcasse no metrô. Depois por disparar sete vezes à queima-roupa contra a cabeça de um suspeito. Os advogados da Scotland Yard argumentaram que Jean Charles teria reagido "de maneira agressiva e ameaçadora" ao ser abordado pelos policiais.

Antes de concluir o caso e entregá-lo ao júri, Richard Henriques juiz encarregado do processo, havia chamou a atenção dos jurados para o fato de que a polícia "não está acima da lei". "A polícia, assim como qualquer funcionário público, deve prestar contas", afirmou o juiz, depois de ouvir as alegações da acusação e da defesa.

Os 11 membros do júri começaram a deliberar o veredicto na quarta-feira. Ontem, decidiram pela condenação da polícia britânica por " violação das leis de saúde e de segurança durante a operação". Na esfera criminal, não houve punição individual para os policiais envolvidos no caso.

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