• Carregando...
Preso há 20 anos e condenado a mais de 200, Eugene de Cock (à esq.)ganhou liberdade condicional | Juda Ngwenya/Reuters
Preso há 20 anos e condenado a mais de 200, Eugene de Cock (à esq.)ganhou liberdade condicional| Foto: Juda Ngwenya/Reuters

O ministro da Justiça da África do Sul, Michael Masutba, concedeu ontem liberdade condicional a Eugene de Kock, coronel da polícia do apartheid conhecido como o assassino número um do regime, responsável por sequestros, torturas e assassinatos de opositores.

"Em interesse da reconciliação nacional, decidi pôr De Kock em liberdade condicional", disse o ministro, que acrescentou que informará posteriormente as condições da condicional de De Kock, que estava preso havia 20 anos.

De Kock foi condenado a duas prisões perpétuas e mais 212 anos de prisão por suas ações a mando de uma unidade antiterrorista da polícia sul-africana que reprimia ativistas opostos ao regime segregacionista do país.

O ex-coronel reconheceu mais de cem crimes, como tortura, assassinato e fraude ante a Comissão para a Verdade e a Reconciliação (TRC), que foi formada em 1995 para esclarecer e, em alguns casos, perdoar quem confessasse crimes durante a época do apartheid (1948-1994).

A TRC anistiou De Kock por muitos de seus crimes, incluindo dois atentados a bomba e 12 assassinatos de militantes, mas se negou a fazer o mesmo a respeito de um crime em 1992, no qual De Kock foi responsável pela morte de cinco homens. Para a comissão, as vítimas não tinham nenhuma relação com a guerrilha antiapartheid e, portanto, não havia elementos políticos envolvidos. De Kock seguiu, portanto, preso.

Durante seu julgamento, o ex-coronel qualificou a si mesmo como "assassino de Estado" e deu muitos detalhes sobre atrocidades cometidas pela unidade que comandava, alegando que "cumpria ordens políticas".

O debate sobre os crimes do apartheid voltou à tona na África do Sul nos últimos dias, à espera da decisão tomada ontem pelo ministro da Justiça.

Para muitos, os crimes de De Kock foram muito pesados para serem perdoados. Outros declaram, entretanto, que o ex-coronel, além de arrependido, era apenas um bode expiatório para outros criminosos da época que jamais foram punidos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]