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Veja infográfico com alguns números do governo Néstor Kirchner |
Veja infográfico com alguns números do governo Néstor Kirchner| Foto:

Entrevista

Gerardo Strada Sáenz, professor de Relações Internacionais e Ciências Políticas na Universidade Nacional de Lanus

Com a morte de Kirchner o partido Justicialista (governista, fundado por Perón) fica mais fraco?

Não, mas existe uma interrogação importante porque Kirchner, além de fundar o "kirchnerismo", também foi um líder que manejou toda a estrutura do que nós chamamos de "armação política", o que gera expectativa sobre quem vai encarar agora a construção política.

Cristina delegou essa responsabilidade ao ex-presidente, e agora pode haver disputas reais de poder entre os seguidores de Kirchner sobre quem vai dar essa nova direção e conduzir o partido.

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Néstor Kirchner

Kirchner era secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

"Kirchner era para mim mais do que um presidente, era um companheiro, e comigo ajudou a construir a América do Sul e a América Latina que temos hoje", disse posteriormente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um breve discurso no aeroporto, antes de viajar de volta para o Brasil.

Estiveram presentes ainda no velório na Casa Rosada, a sede do governo argentino, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Equador, Rafael Correa, da Bolívia, Evo Morales, do Uruguai, José Mujica, e do Chile, Sebastián Piñera.

Velório

Milhares de argentinos se despediram na quinta-feira do ex-presidente Néstor Kirchner, peronista que dominou a política nacional na última década e cuja morte sacudiu o governo de sua esposa Cristina, de quem era o principal estrategista.

Kirchner, que governou a Argentina de 2003 a 2007, está sendo velado na Casa Rosada, onde uma multidão entristecida passa respeitosamente pela Sala dos Patriotas Latino-Americanos do palácio presidencial.

Cristina, vestindo luto rigoroso e ao lado dos filhos, Máximo e Florencia, passou horas de pé diante do caixão, recebendo gritos de solidariedade, aplausos e abraços de admiradores, mandatários e até do ex-jogador Diego Maradona.

Como uma guarda pretoriana, ministros, governadores, sindicalistas, artistas, legisladores, altos funcionários e dirigentes de organizações de direitos humanos rodearam o ataúde, assistindo à lenta passagem de milhares de admiradores.

Analistas políticos especulam que a morte dele - ocorrida na quarta-feira, aos 60 anos, por causa de um ataque cardíaco - abrirá uma luta pelo controle do Partido Justicialista (peronista), do qual ele era líder, e pode também começar uma surda batalha pela influência no governo de Cristina.

"Na frente política, o país entrou, do nosso ponto de vista, num período de incerteza significativa, enquanto os atores políticos chaves e os bastiões do poder político se realinham para preencher o vazio que deixou esse "peso pesado" da política, sem um herdeiro aparente", disse o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs.

Na manhã de sexta-feira, o corpo será levado para a cidade de Río Gallegos, ao sul do país, onde Kirchner nasceu e começou sua carreira política.

Nos arredores da Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, manifestantes gritavam e pintavam frases de apoio à presidente, eleita com apoio do marido em 2007, e com mandato até dezembro de 2011. Especulava-se que Kirchner seria candidato a sucedê-la, e, agora, é possível que Cristina tente um segundo mandato.

"Néstor, sempre presente. Força Cristina", dizia um cartaz próximo a uma das portas do palácio, por onde entraram também líderes da oposição.

"Com ele se podia fazer tudo, ele deu trabalho, deu salário, ajudou os aposentados... Que Cristina não abaixe os braços, que continue como está indo", disse Ramona Delgado, dona de casa de 20 anos, vestida com uma camisa azul com os dizeres "Movimento Evita" (em alusão a Evita Perón).

Um telão na praça mostrava a imagem de Cristina, várias vezes aplaudida por pessoas de todas as idades - de crianças a idosos.

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