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A deputada Laura Boldrini, ex-porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na Itália, foi eleita neste sábado (16) presidente da Câmara dos deputados italiana durante a quarta votação, na qual se fazia necessária apenas a maioria absoluta dos votos.

Laura, que se apresentou às eleições na lista do partido Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL, em sua sigla em italiano), foi a candidata que a coalizão da centro-esquerda apresentou neste sábado (16), depois de ter votado em branco nesta sexta-feira (15).

A ex-porta-voz da ONU conseguiu 327 votos, enquanto o candidato do Movimento 5 Estrelas, Roberto Fico, obteve 108. O restante dos deputados votou nulo ou em branco.

Durante as três votações de se sexta-feira, a coalizão de centro-esquerda tinha decidido votar em branco diante da impossibilidade de obter acordos com os outros partidos, já que eram necessários dois terços dos votos.

A eleição de Laura estava prevista, já que a coalizão de centro-esquerda liderada por Pierluigi Bersani tem a maioria absoluta na câmara dos Deputados.

"Estou muito satisfeito, elegemos uma candidata de um grande perfil cultural, moralmente indiscutível e que reflete a mudança", elogiou Bersani.

Laura Boldrini, de 51 anos, é a terceira mulher na história da Itália eleita presidente da Câmara dos Deputados, após Irene Pivetti e Nilde Iotti.

A nova presidente da Câmera Baixa foi recebida de pé e com um longo aplauso pelo restante dos deputados, a exceção dos membros da coalizão de centro-direita, liderada pelo ex-presidente do Governo Silvio Berlusconi, que se mantiveram sentados e sem saudá-la.

Em seu discurso, Laura disse que o novo plenário está disposto a escutar "o sofrimento social de toda uma geração", lembrando os vários jovens obrigados a emigrar para buscar trabalho.

A ex-porta-voz da agência da ONU também falou da necessidade de defender os direitos das mulheres e fez referência à violência de gênero, assim como à obrigação de continuar lutando contra a máfia.

"Vivi tantos anos defendendo e representando os direitos dos desfavorecidos, na Itália e nas periferias do mundo. É uma experiência que agora ponho ao serviço desta câmara, que tem que ser lugar de cidadania para os que mais o necessitem", declarou.

Laura, que durante anos criticou as leis italianas de imigração e a situação dos imigrantes ilegais no país, lembrou também durante sua posse "aos muitos mortos sem nome no Mar Mediterrâneo".

A situação é mais complicada no Senado, cujo presidente deve ser eleito também neste sábado. Nenhum partido tem a maioria absoluta e será preciso esperar uma quarta votação, quando se escolhe entre os dois candidatos mais votados até o momento.

As votações de ontem e hoje estão demonstrando a situação de ingovernabilidade que saiu das urnas. O grupo de Bersani não terá problemas para receber a posse na Câmara Baixa, mas será quase impossível que a receba no Senado.

Também ficou claro nos últimos dias que o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, não tem intenção alguma de apoiar o Governo de Bersani.

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