O Líbano pediu nesta quarta-feira aos Estados Unidos que pressionem Israel a suspender os bloqueios marítimo e aéreo ao país, impostos no começo dos 34 dias de guerra contra a guerrilha Hezbollah.
O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, também pediu ao governo americano que contribua mais para ajudar o país árabe a se recuperar dos prejuízos econômicos decorrentes do conflito e que somam bilhões de dólares.
- Os EUA podem fazer mais - disse o premier libanês em uma entrevista coletiva. - Os EUA podem nos dar apoio, fazendo uma pressão intensa para que Israel levante o cerco.
Depois de entrar em vigor uma trégua patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o governo israelense tornou os bloqueios menos rígidos, mas nenhum avião pode pousar em Beirute e nenhum navio pode atracar nos portos libaneses sem a autorização do Estado judaico.
Em Bruxelas, enviados da União Européia (UE) preparavam-se para discutir a contribuição do bloco na ampliação da força da ONU encarregada de ajudar o Exército libanês a controlar o sul do Líbano, em substituição aos combatentes do Hezbollah e aos soldados israelenses, que continuam em algumas áreas do país vizinho.
A ONU tenta expandir a força de paz, conhecida como Unifil, para um total de 15 mil soldados, conforme prevê um mandato conferido pelo Conselho de Segurança da entidade em uma resolução aprovada no dia 11 de agosto.
Segundo Siniora, o Líbano espera que a França envie mais do que os 200 militares mandados à região até agora. Previa-se, inicialmente, que o país europeu contribuísse com cerca de 2 mil soldados.
- Nós ficaríamos satisfeitos com uma participação maior da França e gostaríamos que a França contribuísse com mais soldados - disse o premier.
O ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, deu sinais de que mais militares podem ser enviados depois de o perfil da missão ter sido estabelecido de forma clara. Mas ainda há dúvidas sobre o contingente a ser mandado pela UE.
A Itália, que prometeu contribuir com até 3 mil dos até 9 mil militares europeus a serem enviados à região, deve pressionar outros integrantes do bloco a assumir compromissos claros.
Ministros das Relações Exteriores dos países-membros da UE reúnem-se na sexta-feira para ouvir do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, como a força atuará no sul libanês. A entidade internacional divulgou novas regras de engajamento para as forças de paz no Líbano, permitindo que os soldados disparem em legítima defesa, que usem a força para proteger civis e que resistam a tentativas armadas de interferir com sua missão.
Embargo
Segundo Douste-Blazy, uma das principais missões da Unifil seria garantir o cumprimento de um embargo de armas capaz de evitar que o Hezbollah adquira mais armamentos.
O chanceler descartou o alerta feito pelo presidente da Síria, Bashar al-Assad, na terça-feira. Para Assad, o envio de soldados estrangeiros para a fronteira sírio-libanesa seria um ato hostil.
Além de ajudar o Exército libanês a controlar o sul, a Unifil estaria encarregada também de "garantir o cumprimento do embargo em todas as fronteiras", afirmou Douste-Blazy ao canal de TV France 2.
Israel deseja que as forças da ONU vigiem a fronteira entre a Síria e o Líbano a fim de evitar que armas cheguem às mãos do Hezbollah. O governo israelense aponta esse cenário como um dos motivos pelos quais ainda não suspendeu totalmente o embargo aéreo e naval imposto aos libaneses.
Mais soldados do Líbano ocuparam postos na fronteira síria, no vale do Bekaa (sudeste), afirmaram membros das forças de segurança.
Israel recusa-se a sair totalmente do sul do Líbano enquanto a Unifil não enviar seu contingente extra para dar apoio aos 15 mil militares libaneses que começaram a ocupar os redutos do Hezbollah.
Quase 1.200 pessoas no Líbano e 157 em Israel foram mortas durante a guerra, iniciada depois de o grupo guerrilheiro Hezbollah ter capturado dois soldados israelenses, no dia 12 de julho, em uma ação realizada a partir do Líbano.
O grupo Anistia Internacional acusou Israel de, durante o conflito, atacar alvos civis deliberadamente e disse que o país pode até mesmo ter cometido crimes de guerra.
"Há indícios contundentes sugerindo que a destruição disseminada de obras públicas, sistemas de energia, casas de civis e indústrias pode ser sido parte de uma estratégia militar deliberada e não uma consequência de danos colaterais", disse o grupo. Israel nega ter atacado alvos civis.