Hondurenho usando uma máscara protesta em favor do presidente Manuel Zelaya, em Las Manos, em Honduras| Foto: Alfredo Estrella / AFP Photo
Grupo de feministas protesta em Tegucigalpa contra o governo interino: pressão pela volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, cresce dentro e fora do país
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O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, criticou nesta quinta-feira (30) a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar os vistos diplomáticos de quatro funcionários do atual governo, dizendo que tais medidas apenas complicam os esforços para resolver a crise de forma pacífica.

Micheletti manteve o discurso de que o presidente Manuel Zelaya foi legalmente retirado de seu cargo, afirmando que "infelizmente, os líderes norte-americanos ignoraram fatos importantes dos primeiros dias da crise".

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"Em vez de impor sanções, os Estados Unidos deveriam apoiar a mediação do (presidente da Costa Rica, Oscar) Arias para buscar soluções pacíficas", disse Micheletti em comunicado.

No documento, Micheletti mostra-se às vezes aberto ao acordo que restituiria Zelaya ao poder, mas outras vezes parece fechar as portas a esta possibilidade.

O Departamento de Estado suspendeu os vistos na terça-feira enquanto os esforços de mediação emperravam na insistência do governo interino de que Zelaya não pode retomar à presidência.

O Departamento de Estado negou-se a fornecer os nomes dos funcionários que tiveram os passaportes revogados, mas o governo interino os identificou como o presidente do Congresso, o ministro da Defesa, o ombudsman nacional de direitos humanos e o juiz da Suprema Corte de assinou a ordem para a detenção de Zelaya.

Enquanto as negociações se estendem, Zelaya estabeleceu seu governo no exílio na cidade nicaraguense de Ocotal, perto da fronteira hondurenha, juntamente com centenas de partidários acampados.

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Ele advertiu na noite desta quarta-feira que oficiais militares descontentes podem se rebelar "a qualquer momento" contra o governo interino e forçar sua volta. Zelaya disse ter informações de que alguns soldados e oficiais estão descontentes com a liderança do chefe militar general Romeo Vasquez.

"Não tenho dúvida de que, a qualquer momento, jovens militares afetados pelo golpe vão suspender Romeo Vasquez Velasquez e forçá-lo a restaurar a ordem constitucional", disse Zelaya aos repórteres.

Soldados detiveram Zelaya no dia 28 de junho, levando-o para fora do país num golpe que foi rapidamente condenado por quase todos os governos estrangeiros.

Micheletti afirma que os soldados estavam apenas seguindo uma ordem da Suprema Corte e prenderam Zelaya por violar ordens da justiça, embora ele reconheça que a decisão de exilar o presidente pode ser entendida de forma diferente.

"Mas é importante entender a decisão no contexto do temor palpável da capacidade de Zelaya de violar a lei e instigar a violência", disse Micheletti.

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Oponentes dizem que Zelaya, um rico fazendeiro que virou para a esquerda no meio de sua presidência, estava tentando imitar seu aliado, o presidente venezuelano Hugo Chávez, na busca de mudanças constitucionais que pudessem permitir a ele estender seu mandato, que termina no dia 27 de janeiro. Zelaya nega essas intenções.

Micheletti disse que o acordo proposto por Arias na semana passada, que permitiria que Zelaya retornasse à presidência de um governo de coalizão e ofereceria anistia aos líderes do golpe, deve ser reforçada para "assegurar que Zelaya obedeça a Constituição e permita a eleição de um novo presidente nas eleições de novembro".

O acordo também estipula que Zelaya deve abandonar suas ambições de mudar a Constituição, mas Micheletti disse que o líder deposto não é confiável. Ele reiterou que Zelaya deve ser processado se retornar a Honduras. Porém, ele disse também que "se ambos os lados chegarem a um acordo e Zelaya receber permissão para voltar" uma moratória no processo do líder deposto pode ser considerada.

O governo interino não mostrou senso de urgência para analisar o acordo que Arias submeteu aos dois lados na semana passada. Micheletti apresentou o acordo à Suprema Corte e ao Congresso para análise, mas o tribunal ainda não respondeu e os legisladores ainda têm de iniciar os debates sobre o assunto. As informações são da Associated Press.