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O líder oposicionista iraniano Mirhossein Mousavi desafiou na sexta-feira a repressão movida pelas autoridades de linha dura contra seus partidários, exigindo a libertação de presos políticos e dizendo que sua própria morte não porá fim à turbulência.

"Não tenho medo de morrer pelas reivindicações do povo. Declarações intransigentes criarão um levante interno", disse Mousavi cinco dias depois de seu sobrinho ser morto a tiros numa manifestação de protesto.

Mousavi, cujas alegações de que a eleição presidencial de 12 de junho que ele perdeu para o presidente Mahmoud Ahmadinejad teria sido fraudada catalisaram uma onda de protestos, disse em comunicado postado em seu site na Internet que a República Islâmica passa por uma "crise grave".

Nas declarações mais ousadas nos últimos meses, Mousavi disse que "prender ou matar Mousavi ou (o também líder oposicionista Medi) Karoubi não acalmará a situação".

"A lei eleitoral precisa ser modificada ... os presos políticos devem ser libertadas imediatamente ... a liberdade de imprensa deve ser preservada", afirmou em comunicado, aludindo a pelo menos três jornais pró-reformas que foram fechados desde a eleição.

As declarações publicadas em seu site, Kaleme, representam um novo desafio às autoridades de linha dura que intensificaram a repressão ao movimento reformista desde o domingo, quando oito pessoas - entre elas um sobrinho de Mousavi - foram mortas em protestos incendiários no dia do ritual muçulmano xiita da Ashura.

Representantes da linha dura acusaram líderes oposicionistas de terem provocado a turbulência e pediram que eles sejam castigados, para pôr fim aos protestos de rua que vêm eclodindo repetidas vezes desde a eleição de 12 de junho que reelegeu Ahmadinejad.

Os protestos antigoverno mergulharam o Irã na pior crise interna dos 30 anos de história da República Islâmica.

Os partidários de Mousavi vêm usando festas muçulmanas e dias de comemorações oficiais para realizar seus protestos.

Líderes oposicionistas dizem que a eleição presidencial foi fraudada. A autoridade máxima do Irã, o Líder Supremo aiatolá Khamenei, disse que a eleição foi a mais limpa em três décadas.

NOVA FASE DE TURBULÊNCIA

Desde o domingo a turbulência política no Irã ingressou em uma fase nova marcada por enfrentamentos sangrentos, prisões e exigências da linha dura de repressão mais intransigente aos adversários do governo.

Na terça-feira, um representante do líder supremo aiatolá Ali Khamenei disse que os líderes oposicionistas são "inimigos de Deus" que, sob a lei islâmica, a sharia, vigente no país, deve ser executados.

O clérigo de linha dura Ahmad Jannati disse na sexta que os líderes da "sedição" devem ser castigados.

Pelo menos 20 figuras reformistas foram detidas, incluindo três assessores seniores de Mousavi, o cunhado deste e uma irmã de Shirin Ebadi, iraniana ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.

As autoridades acusaram Mousavi e Karoubi de terem vínculos com "inimigos externos e grupos antirrevolucionários" e prometeram ser intransigentes com eles se eles não mudarem de rumo.

O chefe de polícia do Irã avisou os partidários de Mousavi que, se não suspenderem seus protestos "ilegais" serão tratados com dureza.

Mas os protestos de oposição não dão sinais de enfraquecimento. A polícia disse que prendeu 500 manifestantes no domingo, e o site oposicionista Jaras disse que, desde então, centenas de manifestantes foram detidos em Teerã e outras cidades.

"Policiais à paisana prenderam mais de 180 estudantes em Mashhad durante uma reunião silenciosa realizada na quinta-feira na universidade Azad", relatou o Jara.

Milhares de manifestantes foram detidos desde a eleição de junho. A maioria foi libertada desde então, mas mais de 80 pessoas foram sentenciadas a penas de até 15 anos de prisão, e cinco foram condenadas à morte.

A oposição reformista diz que mais de 70 pessoas foram mortas na violência pós-eleitoral. As autoridades dizem que o número de mortos foi a metade disso e incluiu integrantes da milícia Basij.

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