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Líderes do Terceiro Mundo se reuniram neste sábado em Havana pelo segundo e último dia para tentar retomar o Movimento de Países Não-Alinhados (MPNA) como contrapeso às "arbitrariedades" dos Estados Unidos.

A reunião está sendo realizada sem o anfitrião Fidel Castro, durante meio século um dos mais ferozes críticos dos Estados Unidos, que não foi visto em público desde que entregou temporariamente o poder em 31 de julho após uma operação emergencial no intestino.

Cerca de 50 presidentes e representantes dos 118 países reunidos desde sexta-feira a apenas 150 quilômetros dos EUA, assinaram no sábado um documento que critica duramente o papel de Washington como polícia mundial.

- O desejo da humanidade pela justiça e paz continua enfrentando grandes desafios devido às arbitrariedades e ao unilateralismo da superpotência - disse o representante da Coréia do Norte, Kim Yong-nam, durante sua participação no encontro no sábado.

A cadeira vazia de Castro foi ocupada por seu irmão Raúl, que ocupa temporariamente o cargo de líder de Cuba.

- A atual conjuntura internacional caracterizada pelas pretensões irracionais de domínio mundial por parte da única superpotência global, com a cumplicidade de seus aliados, demonstra a necessidade de estarmos cada vez mais unidos'', disse Raúl, um general de 75 anos, ao abrir a reunião na sexta-feira.

Os países da MPNA somam quase dois terços dos votos na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que se reúne a partir deste fim de semana em Nova York.

Isso abriu espaço para o lobby da Venezuela e Guatemala, em Havana, que buscam votos para conseguirem assento não-permanente no Conselho de Segurança da ONU.

- Mas não somos a força decisiva que poderíamos ser nas relações internacionais - advertiu Raúl Castro.

Segundo um esboço da declaração final do encontro, o MPNA apoiaria um programa nuclear do Irã que o país assegura ter fins pacíficos, condenaria o embargo norte-americano de mais de quatro décadas a Cuba e a intervenção de Israel no Líbano.

Ainda criticaria o que descreve como ameaças para a estabilidade da Venezuela e Bolívia, dois dos principais críticos de Washington na região.

Outros países mais moderados, como a Tailândia, esclareceram que o MPNA "não está contra nenhum país em particular".

Os chefes de Estado e de governo trabalharam na sexta-feira até tarde tentando suavizar a linguagem da declaração final pois as decisões do movimento devem ser aprovadas por consenso.

O MPNA foi criado em 1961 como alternativa à influência dos Estados Unidos e da União Soviética, as duas potências da época. Desde o fim da Guerra Fria o movimento luta para encontrar um novo significado.

Cuba, que assumiu nesta semana a presidência do grupo por três anos, pretende relançá-lo como uma frente do Terceiro Mundo contra a influência de seu inimigo, os Estados Unidos.

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