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Trabalhador pinta fachada de prédio próximo ao palácio do governo, em Assunção | Ivan Alvarado/Reuters
Trabalhador pinta fachada de prédio próximo ao palácio do governo, em Assunção| Foto: Ivan Alvarado/Reuters

Pendências

Principais desafios do governo Lugo em relação ao Brasil:

Itaipu

O tratado que rege a usina hidrelétrica binacional é de 1973 e deve vigorar até 2022. O reajuste de tarifas pagas pelo Brasil foi um ponto forte da campanha de Lugo, que levantou o assunto como "caso de soberania energética".

Brasiguaios

Aproximadamente 350 mil brasileiros vivem hoje de maneira irregular no Paraguai, sendo que 200 mil são colonos na região de fronteira. As invasões de sem-terra nessas áreas se intensificaram após a promessa de reforma agrária de Lugo.

Falsificação

O Brasil tem um prejuízo anual de R$ 65 bilhões em função da falsificação de produtos paraguaios desovados no comércio brasileiro. Os principais setores são combustível, cigarro, bebidas alcoólicas, medicamentos, vestuário e autopeças.

Fonte: Da Redação

A posse do ex-bispo católico Fernando Lugo como presidente do Paraguai, que ocorre hoje em Assunção, será acompanhada de perto por muitos brasileiros. Além de este ser um momento histórico para o país vizinho, que depõe o Partido Colorado depois de 61 anos no poder, Lugo assume o cargo com pelo menos três assuntos mal resolvidos com o Brasil: as taxas pagas pela energia elétrica gerada em Itaipu, a situação ilegal dos colonos "brasiguaios" nas terras de fronteira com o Paraguai, além dos problemas de distribuição de produtos falsificados e sem procedência no mercado brasileiro.

A questão de reajuste tarifário veio à tona na campanha eleitoral paraguaia, quando o então candidato prometeu atualizar os valores pagos pela energia utilizada pelo Brasil. O valor defendido por Lugo é pelo menos cinco vezes superior ao montante pago hoje, de US$ 300 milhões por ano.

O professor de planejamento estratégico da Universidade Autônoma de Assunção, Jose Felix Bogado defende o reajuste. Para ele, o tratado de Itaipu – datado de 1973 e com vigor até 2022 – tem cláusulas insustentáveis para o mercado atual. "Um tratado da época das duas ditaduras (paraguaia e brasileira), com câmbios absolutamente distintos, é claro que precisa de revisão. Em 1973 o barril de petróleo custava US$ 8, hoje já está batendo em US$ 150", argumenta.

Até ontem, a posição oficial do Ministério das Relações Exteriores era que o Tratado de Itaipu é inalterável, mas que o diálogo entre os dois países continua aberto para discussão de soluções que auxiliem o desenvolvimento econômico do Paraguai.

O economista Wagner Weber, que estuda o desenvolvimento paraguaio há 26 anos, chama de "simplórios" os argumentos de reajuste das tarifas. De acordo com ele, o número de paraguaios na linha de extrema pobreza caiu de 50% para 16% em 15 anos – do início da produção de Itaipu, em 1983, até 1998. "Itaipu trouxe investimentos que permitiram a interiorização do país, juntamente com uma reforma agrária, coisa que o próprio Brasil está tentando há décadas sem sucesso", ilustrou.

A questão dos brasiguaios (brasileiros produtores de terras no Paraguai) é outra situação delicada para Lugo, pois em algum momento ele terá que reprimir quem o elegeu, a classe mais pobre da população, que espera por uma transformação no campo. A avaliação é do colunista do jornal paraguaio Última Hora Alfredo Boccia. "Apesar da agitação que é noticiada, de um nacionalismo simplório, com queimação da bandeira brasileira, o problema não é verdadeiramente de preconceito com brasileiros. O problema é que a produção de soja do país se concentra onde estão os brasileiros, e isso só será resolvido com a repartição das terras", avalia.

Contrabando

A farta oferta de produtos falsificados produzidos no Paraguai também deve ser combatida pelo novo governo, de acordo com o diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação Luciano Stremel Barros. Segundo ele, o prejuízo anual total com o contrabando soma R$ 65 bilhões para o Brasil. "Uma das metas do Lugo é mudar essa imagem do Paraguai, derrubar as fábricas ilícitas e moralizar o controle aduaneiro", diz Barros.

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