Manifestantes bloqueiam uma rua em Caracas. No asfalto, perto da Praça Altamira, está escrito: “Maduro assassino”| Foto: Jorge Silva/Reuters

Família vela miss morta em protesto

O corpo da miss Gênesis Carmona (foto 3), que morreu depois de ter sido baleada em um protesto contra o governo, foi velado ontem na cidade de Valência, na Venezuela. Familiares e amigos da jovem estudante de 22 anos disseram que a miss, estudante do último ano de marketing, não gostava de política, mas estava preocupada com as condições econômicas sombrias do país. A mãe de Gênesis estava com ela na manifestação.

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Combustível

O ministro de Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, alertou ontem que a estatal PDVSA pode suspender o fornecimento de gasolina nas áreas onde continuam as manifestações que deixaram pelo menos cinco mortos nesta semana. "Temos informação de que grupos fascistas pretendem atacar estações de serviço", disse Ramírez.

Televisão queimada em uma barricada em San Cristóbal

O governo da Venezuela cancelou ontem as credenciais de quatro jornalistas da rede de tevê norte-americana CNN e de sua afiliada em espanhol.

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Na quinta-feira, o presidente Nicolás Maduro já tinha ameaçado tirar do ar o canal, caso ele não "retificasse" sua cobertura sobre os protestos de rua contra o governo. Maduro acusou ainda o canal de fazer parte de uma campanha para derrubá-lo.

Nicolás Maduro disse na quinta-feira que tinha aberto processo administrativo contra a CNN. Os quatro jornalistas foram informados de que teriam suas permissões para trabalhar no país canceladas e teriam de comprar passagens aéreas para deixar a Venezuela. Entre eles está a conhecida âncora Patrícia Janot, que apresentou um debate entre estudantes antichavistas e partidários do chavismo, exibido pelo canal.

"Eles [a CNN] querem mostrar que na Venezuela existe uma guerra civil. Na Venezuela, existe um povo trabalhando, estudando e construindo a pátria", disse Maduro em discurso na quinta-feira na tevê estatal venezuelana. "Já basta de propaganda de guerra. Se não retificam a propaganda de guerra, que vão embora. Fora."

Por meio de nota, o canal lamentou a decisão do governo e ressaltou a disposição em dialogar com as autoridades venezuelanas. Dois jornalistas do canal foram convidados a participar de uma entrevista coletiva no fim da noite com Maduro.

"A CNN em Espanhol tem informado de maneira isenta os dois lados da tensa situação que vive a Venezuela, ainda que com acesso restrito a fontes do governo", diz o texto. "Esperamos que o governo reconsidere sua decisão. Enquanto isso seguimos informando de maneira justa e balanceada, como é característica de nossa empresa jornalística."

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Na semana passada, o Conselho Nacional de Tele­comunicações ordenou a retirada do ar nas operadoras de tevê a cabo do canal de notícias colombiano NTN24. Desde a venda da Globovisión – o último canal de notícias crítico ao chavismo – a um empresário simpático ao governo, os venezuelanos têm acesso apenas a canais de tevê estatais, ou com um tom menos crítico ao governo. Esse espaço foi ocupado pela CNN em Espanhol e o NTN24, preferidos por parte da população cética em relação ao chavismo.